O segmento da pesca industrial no Brasil é de grande relevância social e econômica para muitos municípios litorâneos. Trata-se de uma atividade de base, fornecedora de matéria prima para as grandes indústrias de centros de distribuição de alimentos.
A pesca industrial caracteriza-se em função do tipo de embarcação empregada (médio e grande porte) e da relação de trabalho dos pescadores, que diferentemente do segmento artesanal, possuem vínculo empregatício com o armador de pesca (responsável pela embarcação), seja pessoa física ou jurídica.
A pesca industrial no Brasil é responsável pelo desembarque de metade da produção de pescados de origem marinha. Apesar da vasta extensão da costa brasileira, as condições naturais do nosso litoral sempre foram limitantes para o desenvolvimento de uma frota pesqueira industrial massiva.
Os principais produtos capturados pela frota industrial na baía da ilha Grande são o camarão rosa (também capturado pela frota artesanal), sardinha, cavalinha, corvina e tainha.
Arrasto Duplo
No arrasto duplo, a embarcação é dotada de tangones que permitem o arrasto simultâneo de duas redes cônicas idênticas. Cada rede apresenta um par de portas retangulares, que são posicionadas junto às suas extremidades anteriores ("asas" ou "mangas") da rede. As redes empregadas na região apresentam tralha superior em torno de 20 metros, resultando em uma abertura horizontal da boca da rede em torno de 15 metros e abertura vertical de até 1,5 metro. As portas pesam de 140 a 180 kg.
Arrasto Simples
O arrasto simples consiste na utilização de apenas uma rede cônica. A abertura horizontal da boca da rede é mantida através de um par de hidroportas. As portas são pranchas de aço, em sua maioria, que variam de tamanho e peso segundo as dimensões da rede e potência do motor da embarcação. O ângulo de ataque é dado através da regulagem do "pé de galinha" existente em sua face frontal, onde é fixado o cabo de reboque do aparelho.
Figura: esquema da rede arrasto (modelo arrasto simples).
Cerco
A rede de cerco consiste em uma grande rede utilizada para cercar cardumes de peixes. Os cardumes podem ser capturados junto à superfície, à meia-água ou próximo ao fundo, dependendo da altura da rede e da profundidade do local. A captura ocorre após o fechamento da rede, que resulta na formação de uma "bolsa" onde os peixes ficam retidos. Com o recolhimento da rede, a "bolsa" reduz de tamanho de forma gradativa até o momento adequado para a despesca. As maiores redes empregadas pela frota da região atingem 950 metros de comprimento e 85 metros de altura. As malhas das redes são pequenas, para evitar o emalhe dos peixes capturados. Por outro lado, se a captura não for desejada, é possível abrir a rede e liberar os peixes ainda com vida.
Foto: barco com rede de cerco aberta.
Foto: barco com rede de cerco aberta.
Figura: esquema da rede de cerco
Rede de Emalhar de Fundo e Superfície
As redes de emalhar, também denominadas de redes de espera, pertencem ao grupo de artes de pesca passivas, sendo que a captura ocorre pela retenção do pescado nas malhas da rede. Existem diversos tipos de redes de emalhar de acordo com sua construção e forma de operação. A construção básica de qualquer tipo de rede de emalhar apresenta tralhas (a superior com boias e a inferior com lastros), que sustentam o pano da rede. Existem dois tipos básicos de redes de emalhar: de fundo e de superfície. Na pesca de fundo, as redes permanecem fundeadas durante a operação de pesca, enquanto que na pesca de superfície a rede não é fundeada e acompanha a deriva da embarcação. Em ambos os casos, na frota industrial da região, as maiores embarcações empregam entre 200 e 400 redes de 50 metros unidas entre si.
Figura: esquema da rede de emalhar, neste caso usado por pescador artesanal.