Os pectinídeos são moluscos bivalves de alto valor comercial, e há algumas décadas atrás, o Brasil explorava através da captura os bancos naturais de vieiras, especialmente a espécie Pecten zic zac (Euvola zic zac) chegando a exportar os músculos destes moluscos. Não havia conhecimento e acompanhamento científico na extração e o esforço foi excessivo, quase dizimando os estoques naturais destes bivalves.
No início da década de 90, a empresa Biotecmar construiu um pequeno laboratório de larvicultura de pectinídeos na Ilha da Gipóia, tendo assessoria de alguns técnicos chilenos. A espécie selecionada foi a Nodipecten nodosus, nativa na região, com denominação vulgar de vieira, mas que recebeu o nome importado de Coquille de Saint Jacques. Os resultados positivos, aliados ao espírito empreendedor e entusiasmo de alguns empresários e pesquisadores da região, culminaram com a criação do Instituto de Ecodesenvolvimento da Baía da Ilha Grande – IED-BIG.
Esta iniciativa estimulou outros empresários, sendo criado o Instituto Antônio João Abdala, o qual montou um laboratório de larvicultura na Praia do Pingo D'Água - IAJA, também em Angra dos Reis.
Também na década de 90 o "Projeto Desenvolvimento Sustentado da Ilha Grande", componente do Programa Nacional do Meio Ambiente (PED/FNMA/MMA), deu um grande impulso na maricultura e a partir daí a atividade se desenvolveu. Executado pela Prefeitura municipal de Angra dos Reis, o projeto possibilitou a implantação de 23 parques de cultivo de mexilhões para os moradores de baixa renda da Ilha Grande.
Houve então nesta década uma série de iniciativas no sentido de desenvolver a maricultura na BIG, ainda que ocorrendo de forma individual. Acompanhando este movimento, o Instituto de Ecodesenvimento da Baía da Ilha Grande (IED-BIG) através do projeto POMAR, obteve recursos financeiros da PETROBRAS e Furnas Centrais Elétricas para construir um laboratório de porte na Vila Residencial da Petrobrás, que visava também o repovoamento com vieiras na Baia da Ilha Grande.
O laboratório do IAJA, de menor porte, chegou a produzir sementes de vieiras e contribuindo com a disseminação da atividade, fornecendo sementes para alguns pescadores recém-iniciados na atividade através do PED, em um trabalho conjunto com a FIPERJ e Prefeitura Municipal de Angra dos Reis. Chegou, inclusive, a enviar sementes para outros estados do país. Porém, devido a problemas financeiros, teve suas atividades encerradas em 1997.
Com isto, o IED-BIG passa, então, a ser o único laboratório com produção comercial de sementes de vieira ou coquile. Em 1998 forneceu cerca de 60.000 sementes para os maricultores integrantes do programa de maricultura da Prefeitura Municipal de Angra dos Reis, iniciado em 96 pelo PED, que culminou na produção comercial de vieira, atualmente o principal molusco cultivado.
No início de 2000, alguns técnicos, empresários e entusiastas, iniciaram o cultivo experimental de peixes, tendo como espécies alvo o robalo peva e flexa, além da garoupa, mas pela falta de informação sobre as técnicas de cultivo (engorda (alimentação), reprodução, doenças, etc...), estas iniciativas não obtiveram êxito, mas foram a base de incentivo a piscicultura na BIG.
No início de 2009, um empresário do ramo turístico, senhor Carlos Kazuo sugeriu ao Poder Público Municipal, implantar um cultivo experimental do peixe bijupirá, espécie citada no acadêmico como grande potencial para o cultivo.
Firmou-se então uma parceria onde a Prefeitura e o empresário. Foram trazidos cerca de 900 juvenis do peixe do Laboratório de Ilha Comprida, litoral de São Paulo. Vários experimentos foram realizados, também com a parceria da Universidade do Rio Grande – FURG, tais como frequência de alimentação e diferentes tipos de alimentação.
Após 12 meses de cultivo, os peixes atingiram a média de 4,5 Kg de peso, confirmando as informações de que o bijupirá é uma ótima espécie para uso na maricultura.