A Pesca na Baia da Ilha Grande

A baía da Ilha Grande comporta uma variedade de ambientes, que por sua vez constituem diferentes nichos ecológicos, nos quais se encontra uma grande diversidade de espécies de alto valor comercial. As condições oceanográficas, a natureza do fundo, o tipo de substrato, enfim, os fatores bióticos e abióticos que atuam nos ambientes, relacionados à sazonalidade, influenciam e determinam a ocorrência e distribuição destas espécies. A pesca apresenta uma grande variedade de artes de captura, extremamente adaptadas às condições regionais e às espécies que se pretende capturar. A título de exemplo, a captura pelo arrasto de fundo está voltada para as espécies bentônicas, o cerco e muitos tipos de rede de emalhar capturam espécies pelágicas, o covo e a linha de mão geralmente atuam sobre espécies demersais de fundo rochoso. A pesca pelo "zangarelho" é adaptada à pesca de lula, enquanto que a caça submarina atua tanto sobre espécies pelágicas quanto demersais, podendo ser caracterizada em pesca empresarial e pesca artesanal. Na pesca empresarial destaca-se a captura de sardinha, peixes diversos e camarão rosa, realizada por embarcações de grande porte, equipadas com instrumentos eletrônicos como sonar e navegador por satélites. Geralmente o armador da embarcação fica em terra e possui um grupo de pescadores embarcados que ganham de acordo com a produção pelo sistema de "partes". A produção é escoada para a indústria ou para os centros de comercialização de pescado como a CEAGESP e o CEASA e até em mercados e peixarias locais. Na pesca artesanal encontramos uma grande variedade de modalidades de pesca, desde pequenas a médias embarcações motorizadas, que também atuam na capturam da sardinha, além de peixes diversos e camarão rosa, sem utilização de equipamentos eletrônicos, e pequenas canoas a remo. Geralmente o proprietário da embarcação participa do processo de captura. As artes de captura compreendem a pesca de linha, a utilização de redes de cerco, de arrasto, de espera, de deriva, bem como o uso de armadilhas como o cerco flutuante e o covo. O produto da pescaria é geralmente distribuído nos equipamentos de varejo da região (peixarias), restaurantes e hotéis. O excedente da produção é escoado para os grandes atacadistas. O Município conta com uma infraestrutura própria para o desembarque da produção, o Cais dos Pescadores, localizado no centro do município, além de três fábricas de produção de gelo e somente uma unidade de congelamento, empacotamento e estocagem de sardinha.

Pesca da sardinha

A pesca da sardinha, principal espécie explotada na baía da ilha Grande, iniciou no princípio do século XX em escala artesanal, adquirindo proporções industriais a partir dos anos 60. Após uma década de crescimento, a produção recorde de 228 mil toneladas foi registrada em 1973. A industrialização do pescado foi implementada através da instalação de diversas fábricas de sardinha na Ilha Grande entre as décadas de 40 e 70, processando grande parte da produção sardinheira da baía, em latas de 1 Kg, hoje a atividade destas fábricas foi encerrada devido a mudanças nas legislações ambientais, que inviabilizaram as operações. Hoje, grandes fábricas de enlatados absorvem maior parte da produção, e realizam a distribuíção para grandes e pequenas redes varegistas. A comercialização acontece com a entrega direta entre embarcação e indústria ou através de dos mercados atacadistas como Ceasa e Ceagesp. A sardinha verdadeira (Sardinella brasiliensis) constitui um dos recursos pesqueiros mais importantes da costa brasileira, contribuindo com até 25% do total anual de recursos vivos marinhos capturados em águas nacionais. Sua captura é efetuada pela frota de traineiras de cerco que opera entre o Cabo de Santo Tomé (22° S) e o Cabo de Santa Marta (28° S - 29° S), na Plataforma Continental Sudeste Brasileira. A produção é desembarcada principalmente nas cidades de Angra dos Reis (RJ); Santos (SP), Navegantes e Itajaí (SC), destinando-se majoritariamente à produção de conservas (IBAMA, 2004).

Estatística de Produção

A estatística pesqueira teve seu início em 1986, na então Secretaria de Agricultura e Pesca, com coleta sistemática dos dados de desembarque da produção, através do Mapa de Bordo, no cais dos pescadores, hoje, a atual Secretaria ampliou as áreas de coleta deste serviço para cais da PROPESCAR, EBRAPESCA E PONTAL, e atua conjuntamente com a FIPERJ, disponibilizando no portal da Prefeitura, com atualização semanal. Os dados estatísticos mostram que a média de produção da sardinha dos últimos seis anos foi de 22.959 mil toneladas, deste quantitativo destaca-se aprodução do ano de 2012 que chegou a 24.656 toneladas (quadro de produção anual de sardinha verdadeira). Já a produção de camarão rosa atingiu nos últimos 6 anos a produção de 138.8 toneladas, sendo que somente em 2012 o desembarque no município foi de 207 toneladas (quadro de produção anual de camarão). Estes números demonstram a alta produtividade dos estoques da sardinha e do camarão rosa na baía da Ilha Grande.

Gráfico de produção anual de Sardinha verdadeira
Gráfico de produção anual de Camarão

A média nacional de produção de sardinha nos últimos seis anos foi de 72.165 toneladas (tabela 01), e somente em 2012 a produção atingiu a marca de 97.000 toneladas capturadas, superando a médias dos últimos anos. Percentualmente, o município de Angra contribuiu com 31.8 % na média dos últimos seis anos e com 25.4 % em 2012 (IBAMA, 2004).

Tabela 01: Comparação da produção de sardinha em nível nacional.


Produção geral de pescado

Apesar do esforço de captura ser principalmente sobre o recurso sardinha verdadeira e camarão rosa, outras espécies também são alvo da pesca comercial e empregam papel importante na produção de pescado no município, produzindo nos últimos seis anos a média de 6.053 toneladas de peixes diversos, conforme tabela 02, do Departamento de Estatística desta Secretaria. Como a área de captura é bastante abrangente, principalmente no que se refere à captura de peixes pelágicos, extrapola os limites geográficos do município e algumas vezes do Estado. Pelos dados de desembarque de pescado apresentados na tabela abaixo, pode-se verificar uma grande diversidade de espécies.

Tabela 02: produção anual de peixes diversos, excluído sardinha e camarão.


Produção de gelo

As embarcações de pesca, sejam artesanais de pequeno a médio porte e as indústriais, utilizam gelo durante o período da pescaria para conservação do pescado, e para abastecer toda a frota existente no Município, a fábrica Castro Industria instalada no bairro Praia do Anil, outra do cais da Propescar e do cais do Odaka, estas últimas abastecem diretamente da câmara de estocagem a embarcação atracada. A produção diária destas três unidade de fabricação de gelo é de 190 toneladas.

Frota

O último levantamento realizado por esta Secretaria, cerca de 80 barcos estão atuando na modalidade de traineira (cerco), 106 de arrasto (pesca do camarão rosa), 15 de corvina e 84 nas demais modalidades, conforme tabela 03.

Tabela 03: Total de embarcações que atuam na pesca por tipo de modalidade.


Mão de obra

A estimativa de dados da Colônia de Pescadores de Angra dos Reis e da Propescar – Cooperativa de Produtores da Pesca de Angra dos Reis, aponta que existem 4500 pescadores artesanais e 1241 pescadores profissionais atuando nas diversas modalidades empregadas na baía da Ilha Grande, mas, somando os postos de trabalho indiretos gerados pelas fábricas de gelo e processadoras de pescado, peixarias, transporte e comercialização, este número supera em cerca de 7000 postos de trabalho.