Resgate da tradição caiçara da Festa do Bonfim

Identidade da festividade se perdeu ao longo dos anos e Cultuar busca resgatar a tradição da festa

30 de abril de 2013
A recuperação da identidade da cultura de Angra é uma necessidade que o movimento cultural organizado através do Conselho Municipal de Políticas Culturais já assinalou para a prefeita através de um manifesto da cultura assinado no ano passado. De acordo com o conselho, algumas medidas precisam ser tomadas e elas já foram encaminhadas para a Fundação Cultural do Município de Angra dos Reis (Cultuar).

A primeira ação nesse sentido foi a retomada da tradição da única festa de resistência caiçara da cidade: a Festa do Bonfim neste ano acontece de 3 a 5 de maio, na praia do bairro.

Nesta edição a Cultuar está trabalhando com a comunidade organizadora da festa e atuando como apoiadora, diferentemente dos anos anteriores em que protagonizou a realização do evento.

Para a comissão organizadora esse resgate é importante, pois marca um novo momento entre moradores e fieis do santo que dá nome ao bairro.

- Essa parceria é muito importante, pois com ela estamos resgatando a verdadeira tradição da festa. A comunidade está envolvida. É uma festa que tem mais de 200 anos e merece nossa atenção - diz seu Tião, membro da comissão organizadora.

Para o diretor de Eventos da Cultuar, Felipe Gustavo Barbosa, esse é um passo importante tanto dentro da gestão da Fundação Cultural quanto para a comunidade.

- A Cultuar não deixou de apoiar o evento. Estamos trabalhando dando o máximo de estrutura para a festa. Desde a divulgação ao apoio na contratação das bandas. Mas a pesca e a construção das barradas de bambu precisavam ser retomadas. São características marcante da festa. Além do mais a autonomia da organização da festa precisa ser da comunidade - ressaltou Felipe

Sobre a lenda
De acordo com a lenda, após retornar de uma noite de pescaria e passar pela enseada Batista das Neves, um pescador encontrou sobre uma pedra uma imagem de Cristo crucificado. Com olhar de espanto ele a pegou e levou para o convento no Centro da cidade, entregando-a frei e relatando o que havia acontecido.

No outro dia após retornar de sua habitual pescaria, o mesmo pescador se deparou com a mesma imagem que encontrara no dia anterior. Ele a pegou novamente e mais uma vez a entregou ao frei, que quando viu a imagem, disse que seria impossível ser a mesma do dia anterior porque ele a havia guardado em local muito seguro.

Quando o frei foi pegar a imagem para provar ao pescador que não era a mesma, ele tomou um grande susto: a imagem não estava no local que havia sido guardado. Foi então que o Frei percebeu que se tratava da mesma imagem e isso ocorreu também no terceiro dia.

Diante desse fato, o frei resolveu construir uma capela em um local mais próximo do lugar onde foi encontrada a imagem. Essa capela foi erguida e em 3 de maio de 1780, a imagem foi colocada nela virada de frente para o bairro que recebeu o nome de Bonfim em virtude de a imagem ser do Senhor do Bonfim (Cristo morto crucificado). Mas no outro dia a imagem não estava na capela. Foram verificar na pedra onde ela foi encontrada e lá estava ela. Então, a imagem foi levada de volta para a capela e colocada de frente para a pedra onde foi encontrada e lá permanece até os dias de hoje.

A programação deste ano promete animar os dias de festa.

Festa Senhor do Bonfim

03/05 - Simplesmente Sim e Trio Mambucaba

04/05 - Trio Sonorus e Banda Sereno

05/05 - Banda Jardim Sarmento, Dj Diana e Art#39;Samba