Funcionários da Santa Casa elogiam intervenção
Profissionais de várias áreas já enxergam melhorias significativas em um mês de ações

Nesta quinta-feira, 17 de fevereiro, a intervenção da Santa Casa, realizada pela Prefeitura de Angra seguindo recomendação do Ministério Público, completou um mês. A operação, que se deu em virtude dos problemas apresentados pelo hospital – como a paralisação e o mau funcionamento dos serviços de saúde –, começa a surtir efeito inicialmente numa parte muito importante da instituição: os funcionários do hospital.
De acordo com a técnica em segurança do trabalho Irani Plácido Santos, há 17 anos trabalhando na Santa Casa, dias melhores já são uma realidade. “A situação está bem melhor, e as expectativas são grandes. Como técnica de segurança, vejo que as inspeções que nós fazíamos nos setores apresentavam dificuldades, principalmente por causa da falta de material e de equipamentos de segurança. Hoje isso está sendo providenciado sem demora ou maiores dificuldades. Espero que continue assim, que as pessoas continuem olhando pelo hospital.”
Há 26 anos na Santa Casa, trabalhando no departamento de Compras, Elizabethe Cristina da Silva Nascimento concorda com Irani. “Mesmo com o pouco tempo de intervenção, as coisas já melhoraram por aqui. Tudo era muito complicado por causa da falta de dinheiro, e era muito desgastante trabalhar daquela forma. Hoje já demos uma acelerada, e para o carnaval, já fizemos R$ 150 mil em compras entre medicamentos, soro etc. É bom voltar para casa e saber que você vai ter equipamentos para atender. Estamos vendo que o serviço está andando. Os colegas de trabalho também estão muito satisfeitos. Espero que continue nesse gás, pois assim todos vão sair ganhando, principalmente os pacientes.”
Com os equipamentos que se encontravam parados por falta de manutenção entrando em funcionamento, muitos também enxergam que a visão de um hospital deteriorado já não se enquadra mais na nova realidade da instituição. “Sempre trabalhei na área de equipamentos, e dava para notar que o hospital já estava sucateado há algum tempo. Desde a semana passada começaram a chegar equipamentos novos, e isso é muito importante. O gestor já informou que outros equipamentos estão vindo, e essa é a realidade que estamos vivendo agora, que é muito gratificante. As pessoas têm agora uma esperança real de melhorias. Não é um trabalho fácil: tem que ter força de vontade e disposição”, informou o técnico em elétrica Márcio Azevedo Queirós, que tem 14 anos de Santa Casa.
O tratamento dado pela equipe do interventor Guilherme Fidalgo aos demais funcionários do hospital também tem sido alvo de elogios espontâneos. “O pessoal da intervenção é maravilhoso. Eles tratam todos muito bem. Estamos vendo uma diferença muito grande. Tudo está mais organizado, e todos os funcionários estão muito felizes. Daqui para frente eu só espero vitórias, pois onde Deus põe a mão acontecem apenas bênçãos”, declarou o motorista Ocimar de Almeida Luiz, que trabalha há 19 no hospital.
Desde 2008 trabalhando na Santa Casa como enfermeiro, Ketson Bruno Ribeiro da Costa falou sobre as melhoras em sua área. “Equipamentos que estávamos precisando já chegaram, como os leitos do CTI e os respiradores. Também está sendo feita uma escala nova para melhorar o serviço. Estamos tendo abertura com a direção, para conversar sobre os assuntos relativos ao hospital. Isso está motivando a todos.”
A abertura para dialogar com a direção é uma das conquistas mais comemoradas pelos funcionários. Que o diga a assistente social Josimar Antônia Coelho da Silva, que tem 9 anos de Santa Casa. “A parte de serviço social está tendo muita abertura com a nova direção, e inclusive conseguimos contratar mais uma assistente para o nosso plantão. Tenho certeza de que vamos fazer do hospital uma instituição de excelência, que sempre foi o sonho da maioria dos funcionários. Guilherme é uma pessoa muito esclarecida e dinâmica, e está colaborando com a realização dos nossos anseios. Por ser responsável pelo serviço de ouvidoria, estou ouvindo as pessoas falarem da boa mudança que está acontecendo. O interventor e sua equipe estão seguindo o caminho certo.”
A intervenção da Santa Casa parece mesmo estar contagiando a todos, independente do cargo ou da profissão. O médico ortopedista Heitor Sarmento Ferreira, que desde 2004 trabalha no hospital, resume bem o espírito atual do corpo de funcionários da instituição. “Tento contagiar os colegas da mesma forma que eu fui contagiado. Vivemos um momento ímpar na Santa Casa. Quero melhorar a minha casa, o meu local de trabalho, resgatando essa relação profissional que está tão machucada hoje. Esse projeto prevê principalmente isso, esse resgate da relação. Estamos trabalhando muito, todo dia. Daqui a pouco os resultados vão aparecer. O acolhimento dessa direção já mudou da água para o vinho, principalmente em relação ao trato com os funcionários.”
A intervenção na Santa Casa tem previsão de durar oficialmente 12 meses. A prefeitura vai aumentar o repasse de verba ao hospital durante o período, de R$ 9 milhões para R$ 11 milhões, com o objetivo de apoiar ainda mais a operação, que pretende mudar radicalmente – e para melhor – a instituição.