A Prefeitura de Angra, por meio da Diretoria de Vigilância Epidemiológica da Secretaria Municipal de Saúde, continua acompanhando os casos de toxoplasmose, visto que esta doença é de notificação obrigatória e de interesse para o município.

Desde o mês de abril, mais dois casos foram notificados, aumentando para 26 notificações no município em 2013. O avanço das notificações diminuiu e agora parecem distante dos 84 casos (75 confirmados e nove ainda em investigação) registrados em 2012, quando houve aumento significativo da doença na cidade em comparação com 2011, quando apenas 12 notificações foram registradas.

A toxoplasmose é causada pelo protozoário Toxoplasma gondii e pode causar graves problemas ao feto (bebê), quando adquirida durante a gestação. O bebê pode nascer com alterações na visão, audição, retardo mental, podendo causar até mesmo aborto. Muitas vezes a gestante não apresenta sintomas e por isso é muito importante a realização de exames para o diagnóstico no pré-natal.
Quem tiver um ou mais dos sintomas da doença, deve procurar a unidade de saúde mais próxima de sua residência.

Trabalho conjunto com a Fiocruz

Por causa do elevado número de casos registrados em 2012 a Secretaria de Saúde de Angra solicitou a parceria da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), para identificar a(s) fonte(s) de infecção da doença, assim como auxiliar na avaliação da incidência da infecção na população. O trabalho vem sendo realizado em equipe e envolve a Superintendência de Vigilância em Saúde, pesquisadores (biólogos, médicos, enfermeiros e médicos veterinários) do Laboratório de Toxoplasmose e outras Protozooses e do ambulatório de Toxoplasmose do IPEC (Fiocruz). O local de realização da mesma é no 3° Distrito Sanitário de Angra dos Reis, local onde foi detectado o maior número de casos no ano passado.

A doença

A toxoplasmose é uma zoonose de distribuição mundial causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, que acomete animais das mais variadas espécies, inclusive o homem. Na maioria dos casos a infecção se caracteriza por sintomas ausentes ou brandos. Quando sintomática, os infectados podem desenvolver quadro febril com linfadenopatia que pode durar dias, semanas ou meses. Podem ocorrer também, sintomas de acometimento sistêmico e ocular. Porém, a principal importância da toxoplasmose para a Saúde Pública se deve, principalmente, a ocorrência de formas clínicas graves em imunodeprimidos, a possível gravidade de apresentação da forma ocular e a ocorrência de alterações severas em recém-nascidos de mulheres infectadas durante a gestação. Se a infecção for adquirida durante o período gestacional, pode trazer graves problemas ao feto, podendo causar até mesmo aborto. Muitas vezes a gestante não apresenta sintomas, por isso, é muito importante à realização de exames durante o pré-natal.

Como se adquire a infecção?

O modo de transmissão da toxoplasmose ainda gera dúvidas na população. Existe uma crença equivocada de que o principal modo de contágio é o contato com animais. Porém, isso não é verdade e, acaba por incitar as pessoas com preconceito contra os felinos, sendo importante inocentar estes animais da posição de principais transmissores. Deve ser esclarecido que o contágio não está diretamente ligado ao contato com os gatos e outros animais. Os felinos só eliminam os oocistos do parasita através das fezes se estiverem doentes e, essa eliminação só acontece na primeira infecção, ou seja, uma única vez na vida do animal e por apenas alguns dias. Além disso, quando eliminado nas fezes, os oocistos ainda não estão em sua forma infectante, não são capazes de causar a doença. Para causar a doença, os oocistos do parasita precisam permanecer no ambiente por no mínimo 24-48h, período necessário para que ocorra a esporulação. Sendo assim, é muito raro adquirir a doença de felinos, e eles não são a principal fonte de transmissão. O animal contrai o toxoplasma quando se alimenta da carne crua ou caça roedores e pequenas aves que contenham cistos do protozoário.

O mecanismo de transmissão habitual da toxoplasmose para o homem é através da ingestão destes oocistos encontrados no solo, água e/ou alimentos contaminados (frutas e verduras cruas) e da ingestão de carne crua ou mal cozida contendo cistos viáveis do parasito, visto que animais como bovinos, suíno, também se infectam, atuando como hospedeiros intermediários.

Como dito anteriormente, as principais formas de transmissão da doença para o homem são:
- Bebendo e utilizando água contaminada;
- Comendo carnes cruas ou mal passadas;
- Comendo vegetais, saladas e folhas contaminadas;
- Comendo verduras mal lavadas;
- Bebendo leite cru ou comendo queijos feitos com leite cru;
- Levando mãos sujas de terra ou areia à boca.