Bruno Mazzeo bate recorde na Fita
"Sexo, drogas e rock ´n roll" reúne a maior plateia das edições do evento
A décima edição da Festa Internacional de Teatro de Angra dos Reis (Fita) completou uma semana nessa quarta-feira, dia 9, com direito a novo recorde. O monólogo “Sexo, drogas e rock #39;n roll”, encenado por Bruno Mazzeo, teve uma plateia de 1.650 espectadores, tornando-se a peça de maior público das edições da Fita. A noite contou ainda com a peça “Um dia qualquer”, e, na Fitinha, voltada para o público infantil, foi a vez de “Luiz e Nazinha”.
Em Sexo, drogas e rock #39;n roll, Bruno Mazzeo vive seis personagens: um mendigo filósofo, um rockstar narcisista, um burguês que faz questão de ostentar sua riqueza, um executivo da música orgulhoso de sua conquista amorosa, um jovem em espasmos de risos estúpidos lembrando da festa que durou até o amanhecer e um artista em crise com o mundo artístico.
Mazzeo fez questão de avisar que não se tratava de um stand up comedy. Nem por isso a peça deixou de arrancar risos e gargalhados da plateia do começo ao fim. Embora muito divertida, Sexo, drogas e rock #39;n roll faz uma clara crítica aos excessos da sociedade, como a busca por poder, glamour e dinheiro.
O texto do americano Eric Bogosian, junto com a direção de Victor Garcia Peralta, cria personagens que, embora diferentes, possuem traços incomuns e estão ligados dentro de um mesmo universo de loucura. O sexo e o rock permeiam a narrativa. A trilha sonora roqueira é usada inclusive para pontuar as mudanças de personagens no palco. As drogas não são apenas as ilícitas, mas incluem também as liberadas: de cerveja à cocaína, da televisão ao consumismo. Sexo, Drogas e rock #39;n roll é uma divertidíssima crítica à hipocrisia.
– Eu ouvi rock a minha vida inteira. Quando o diretor chegou com esse texto eu topei na hora. O espetáculo foi criado para ser intimista. Estamos com ele no Teatro Leblon, que é bem menor que aqui, e esta é a primeira vez que o levamos para fora do Rio. Foi uma experiência bem diferente encená-lo para um público grande, como o da Fita, e com o uso de microfone, o que muda bastante. E saber que a peça bateu recorde de público é muito bom – disse Mazzeo, após o fim do espetáculo.
O Teatro Municipal recebeu a peça Um dia qualquer, que conta a história de um executivo, uma professora de inglês, um ator que trabalha com animação de festas e uma enfermeira de pacientes terminais que se encontram em um banco de praça, num dia de verão que parece outono, na correria da cidade. O público se torna cúmplice das confissões e histórias desses estranhos que nunca haviam se visto antes, e esse encontro inusitado faz com que eles revelem suas dores e amores de forma emocionante e engraçada. Os personagens falam também diretamente com o público, dividindo seus pensamentos.
Durante o dia, na Fitinha, o musical infantil “Luiz e Nazinha” foi exibido para a criançada em duas sessões: às 11h e às 15h. A peça mostra a infância de Luiz Gonzaga no interior do Nordeste e a descoberta do amor quando o jovem Luizinho se apaixona por Nazarena, filha de um coronel que não permite o namoro entre eles. A proibição faz com que Luiz e Nazinha vivam um romance às escondidas em terras nordestinas. O amor proibido pelas famílias, tão presente em contos de fadas, aqui acontece no sertão. O resultado é uma fábula de amor inocente, para crianças, costurada com músicas do Rei do Baião.
Neste ano a Fita homenageia a atriz, ícone da dramaturgia do teatro brasileiro, Camilla Amado, com uma exposição de murais que conta a sua trajetória nos palcos. A mostra pode ser vista e vivida por meio de fotos e fatos da vida da artista. A exposição fica até o final do festival, que será no dia 20 deste mês. Outras novidades desta Fita são os debates que estão sendo realizados com os atores ou produtores teatrais e também as intervenções artísticas, que misturam ritmos, poesia e criatividade.
Veja a programação completa no site www.fita.art.br