A Prefeitura de Angra dos Reis continua a série de reuniões de prestação de contas sobre a situação financeira e administrativa do município no primeiro semestre do ano. Os encontros também servem para ouvir as reivindicações das comunidades. Nesta quarta-feira, dia 31 de julho, a prefeita Conceição Rabha esteve no Belém, juntamente com alguns de seus secretários, para falar com os moradores. A saúde foi o tema mais debatido. Educação, obras e meio ambiente também são áreas que preocupam a população do bairro.

 O controlador geral do município, João Duarte, abriu a reunião falando sobre as dívidas herdadas do governo passado, que chegam a R$ 101,3 milhões. As dívidas fazem com que a prefeitura tenha dificuldades de fazer investimentos para a população neste primeiro ano de gestão.

 O montante da dívida inclui aluguéis, serviços de limpeza e vigilância, merenda escolar, medicamentos, transporte marítimo dos alunos da Ilha Grande, hospedagens, transporte aéreo de representantes do governo passado, encargos trabalhistas e uma série de outras despesas.

 Uma delas é por causa do programa Passageiro Cidadão, que atualmente está em R$ 5,5 milhões. Os problemas com a falta de fiscalização contribuem para o aumento da dívida. Há registros de casos como o de um mesmo cartão que foi usado 17 vezes em um mesmo dia. Outra dívida herdada é com o Bancred, cartão alimentação e refeição oferecido pela prefeitura aos servidores, que é de R$ 1 milhão.

 Além das dívidas, também foram expostos os problemas que a gestão atual encontrou na estrutura da máquina do governo: falta de médicos e professores, falta de contratos para serviços de manutenção, sucateamento de carros e lanchas, estrutura administrativa inadequada, município com o “nome sujo” devido às dívidas.   

A população fez diversas reivindicações. Os moradores criticaram o atendimento da unidade de saúde local, que, de acordo com eles, é demorado e há carência de profissionais. O secretário de Saúde, Carlos Vasconcellos, explicou que a prefeitura tem buscado meios de incentivo para que os médicos trabalhem nos postos. Além disso, a fiscalização para que os profissionais cumpram seus horários de trabalho corretamente tem sido intensificada. Vasconcellos afirmou que a partir desta semana a equipe de saúde do Belém já passa a contar com mais dois enfermeiros e, a partir da próxima semana, mais 14 agentes comunitários de saúde.

 Outra boa notícia dada em primeira mão pelo secretário à comunidade do Belém é a construção de mais uma unidade de saúde no bairro, o que irá começar ainda neste ano.

 – Analisando os papéis da secretaria, nós descobrimos que havia um projeto aprovado pelo Ministério da Saúde desde 2011, com o dinheiro na conta da prefeitura para a construção de uma outra unidade de saúde aqui no bairro. Nós resgatamos esse projeto que agora está em fase de licitação – explicou. A nova unidade irá funcionar na rua Messias, próximo ao Ciep.

 Os moradores da localidade conhecida como Gamboinha do Belém reclamaram do descarte irregular de lixo no local, além de outros problemas estruturais. A prefeita lembrou que fiscalizações têm sido feitas no local neste ano, mas que irá mandar uma nova equipe de fiscais para averiguar a questão do lixo.

 – Também iremos analisar quais as intervenções que podem ser feitas para que o bairro se desenvolva de maneira ordenada – acrescentou a prefeita.

 O secretário de Obras, Jefferson Deccache, ressaltou que a prefeitura tem feito um trabalho constante no Belém para limpeza de canal, desobstrução de drenagem, operação tapa-buracos etc. Os moradores demonstraram preocupação com relação ao dique do Belém, usado para evitar deslizamentos. O secretário disse que irá analisar a situação e que acredita que seja preciso fazer um retaludamento da encosta, mas a intervenção ainda depende de estudos.

  Os moradores reivindicaram a construção de uma capela mortuária no bairro. Conceição afirmou que o cemitério do Belém, que irá passar por uma ampliação, terá uma capela mortuária em breve. Seguindo o modelo adotado em outros municípios, as capelas mortuárias em Angra serão construídas nos próprios cemitérios. 
 
 Foi pedido também reformas no Ciep do bairro. Conceição explicou que intervenções que descaracterizem a arquitetura da unidade não são permitidas, pois a patente pertence à família do arquiteto Oscar Niemeyer, mas detalhes como reparos na parte elétrica e pintura serão analisados pela Secretaria de Obras.

 – O povo agora tem voz, se comunica com o poder público. Quero cada vez mais me aproximar da população, porque em nosso governo não fazemos nada escuso. Tudo é feito com total transparência – disse a prefeita para os moradores do Belém.

 Também estavam presentes o secretário de Governo, Neirobis Nagae, e a secretária de Ação Social, Inês Tenório.