Debate sobre funk sacode a Praça do Porto

MC Marcelly falou da importância do movimento para as comunidades e ainda colocou todo mundo pra dançar

Quinta-Feira, 12/05/2016 | .

A Coordenadoria da Juventude da Prefeitura de Angra dos Reis promoveu na noite de quarta-feira, 11, na Praça do Porto, um debate sobre a importância do funk enquanto movimento cultural. Participou do debate a funkeira MC Marcelly, dona de sucessos como “Bigode grosso”, “Não se brinca com mulher” e “Amor perfeito”. Marcelly, que é ativista cultural do movimento funk e dos direitos da mulher, conversou com a galera jovem, que compareceu em peso ao evento.

Ela falou do preconceito sofrido pelo estilo musical que ela representa e pediu mais tolerância. Segundo ela, o funk é algo enraizado nas comunidades mais carentes, que encontram nesse ritmo uma forma de se divertir, de se alegrar e de se expressar em meio a tanta desigualdade e privações de direitos básicos, como segurança, saúde e educação.

– A possibilidade de participar de um debate em praça pública sobre o funk é muito importante. A iniciativa é louvável. É aqui na rua, na praça, perto dos jovens, que conseguimos falar sobre o nosso trabalho, sobre a satisfação que é poder cantar as mazelas das favelas e ainda por cima fazer com que todos se divirtam – explicou Marcelly.

Sobre as letras das músicas, com um linguajar muitas vezes de forte apelo sexual, a funkeira também se manifestou. Segundo ela, as intenções sexuais estão explícitas em todos os ritmos musicais, só que no funk a coisa é mais direta e tem a ver com o mundo dos funkeiros, a maioria vindo das favelas, onde o poder público deixa de fazer a sua parte.

– São tantas as mazelas, tanto descaso com as comunidades carentes, que a forma de expressão acaba sendo a mais direta. É o estilo do funk, que, mais do que provocar, quer se manifestar e reivindicar a atenção das autoridades – analisou a funkeira.

O coordenador da Juventude, Andrei Lara, falou sobre o estilo musical debatido. O funk, segundo ele, é uma cultura que vem do gueto, das vielas, das favelas. É uma cultura de rua que incomoda os conservadores, mas que deixa muita gente feliz.

– O nosso evento serviu como um elo entre o povo oprimido do dia a dia e a cultura popular. Foi um evento de sucesso, com um público recorde, sem nenhuma confusão e sem um centavo de custos aos cofres públicos. A Coordenadoria da Juventude está feliz com o resultado – finalizou Andrei.

Ao final do debate, MC Marcelly ainda colocou a garotada pra dançar com os maiores sucessos do funk no momento.

Secretarias relacionadas: