Tocha do Pan incendiou Angra de alegria

Tanto no percurso terrestre, quanto no marítimo, a eufórica participação da população foi total

Segunda-Feira, 09/07/2007 | .

Um pouco antes das 13 horas, para quando estava marcada a cerimônia de início do Revezamento da Tocha Pan-americana Rio 2007 em Angra do Reis, desta segunda-feira, dia 9, já era possível perceber nas ruas da cidade que o dia seria muito diferente. Mas, com certeza, não se esperava o enorme engajamento de pessoas de todas as idades com este evento internacional. A população de Angra dos Reis provou para quem ainda tinha alguma dúvida que a Chama Pan-americana, símbolo de paz e união dos povos através do esporte, tem uma força contagiante.
O contagiante percurso terrestre
A cerimônia de  acendimento da Tocha aconteceu na Praça da Matriz, Centro, em meio a uma multidão, que não apenas ocupava todo o chão, mas também as sacadas das casas e das lojas. A Chama, trazida na lanterna pelo embaixador do Revezamento em Angra, o velocista Robson Caetano, foi entregue ao Prefeito Fernando Jordão e ao Secretário de Integração Governamental Bento Pousa Costa, que acenderam a Tocha. Em meio a muita emoção, o primeiro condutor, o ex-combatente do Brasil na 2ª Guerra Mundial, Remo Baral Filho, seguiu o percurso pela Rua Pereira Peixoto. Na esquina da Rua Coronel Carvalho, a Raquel Vianna Fiúza,  deu seguimento ao Revezamento, passando a Tocha para Jociglei Ramos Cadena. Depois o condutor Álvaro Roberto continuou o percurso acompanhado pela multidão até passar a Tocha para Ibero Andrade Carneiro, já na Rua Frei Inácio seguindo para Rua do Comércio, onde Ana Paula Deccache França, manteve o entusiasmo de todos que acompanhavam a condutora das calçadas e das sacadas. Fanfarras do município aumentavam ainda mais o tom festivo. Ana Paula passou a Tocha para Luís Gustavo e Carvalho Soares, que por sua vez a repassou para Moacyr Campos Telles, seguindo o percurso pela Praça Marquês de Tamandaré e pela Praça Guarda Marinha Greenhalgh. Neste local, os marinheiros da Capitania dos Portos, perfilados em frente à sede do órgão, na Avenida Júlio César de Noronha, se misturaram ao colorido da população que continuava a acompanhar a Tocha com bandeirinhas, bolas e cartazes. Benedito de Souza, foi o condutor seguinte e arrancou gritos emocionados de parentes e amigos. Depois dele Ubiratan Fonseca de Andrade passou a conduzir a Tocha pela Estrada do Contorno. O calçadão da Costeirinha foi tomado pelo povo que parecia ter a força e a disciplina de um desportista para acompanhar todo o percurso. Antes do Colégio Naval, foi a vez de Marcelo Lopes sentir a emoção de conduzir a Tocha e repassa-la a Douglas Tirre Carnevale Oliveira. A imagem do Colégio Naval ao entardecer, com seus alunos perfilados e envolvidos pelos que não se cansavam de acompanhar a Tocha continuava a impressionar. O Revezamento continuou pela Estrada do Contorno até a Praia das Gordas, com a Tocha sendo conduzida neste trecho por Benedito Pereira da Silva, Agnaldo Marques e Paulo César Lopes.
O belíssimo percurso marítimo
Na Praia das Gordas foi iniciado o percurso marítimo, que não deixou de contar com seu público, pois crianças acompanharam os nadadores condutores da Tocha Antônio Cleber da Silva Viana e Benedicto da Costa Rosário, que conduziram a Chama até a Ilhota da Igrejinha do Bonfim. De lá, Carmen Lúcia da Silva, e seu caiaque, passou a conduzir a Chama. Ela também foi acompanhada por muitos outros caiaques e repassou a chama a outro atleta de caiaque, Marco Antônio Tenório, que levou a chama até as Ilha Botinas, em meio a Baía da Ilha Grande. Nas Botinas, o condutor foi o Daniel Rabha Nunes Santiago, que em de veleiro contornou as ilhas, um dos mais belos cartões postais de Angra. Depois, a Chama Pan-americana seguiu de lancha até a Lagoa Azul, ponto turístico da Baía da Ilha Grande, conhecido internacionalmente por suas águas claras e convidativas a um mergulho. Mais uma vez, Daniel Santiago conduziu no local a Chama, velejando em meio a barcos repletos de crianças moradoras de várias comunidades da Ilha Grande. Este foi outro momento marcante, pois em pleno mar, lá estava o futuro do país, valorizando o símbolo da paz. Enquanto isso, na Vila do Abraão, Ilha Grande, o entusiasmo e a ansiedade pela chagada da Tocha não eram diferentes. Quase ao anoitecer, Daniel Santiago passou a Chama a Constantino Cokotós, no Cais de Turismo. Mais uma vez, pessoas de todas as idades queriam acompanhar e prestigiar este momento único da passagem da Tocha. E como não poderia ser diferente, a estreita rua à beira mar foi pequena para tanta gente.
De volta ao continente
Do Abraão, a Chama seguiu direto para o continente, já ao cair da noite, chegando ao Cais de Turismo, no Centro de Angra, por volta das 18h30. Constantino repassou sua responsabilidade a Alexandre Gama, que deu continuidade ao Revezamento, seguindo para Praia do Anil, onde Nilson Gouveia recebeu a Tocha, na Avenida Ayrton Sena, com uma enorme torcida. Ele retornou pela outra mão e repassou a Tocha a mais uma condutora, também com sua torcida, Rízia de Almeida Mendes Silva. Mesmo já com quase sete horas de Revezamento, a alegria era constante. Rízia repassou a Tocha a Waldemar Araújo Filho, que por sua vez a entregou a Omar Campos Telles. Ele conduziu a tocha pela Júlio Maria até próximo a Praça do Porto, onde o último condutor a recebeu. Mário César Cadena foi cercado por seus alunos e admiradores de sua trajetória no esporte. Ele conduziu a Tocha pela Praça do Porto e pelo Cais de Santa Luzia até o acendimento da Pira, onde estavam o embaixador Robson Caetano;o Prefeito Fernando Jordão; o secretário Bento Pousa Costa; o secretário de Cultura, Esportes e Eventos, Marcus Veníssius Barbosa; todos os demais secretários; os vereadores e diversas outras autoridades.
Festa para criançada o tempo todo
Mas a festa em angra foi tão grande que enquanto o Revezamento no mar acontecia, no continente a alegria era geral no Cais de Santa Luzia. Um evento recreativo preparado pela Prefeitura de Angra, através da Secretaria de Cultura Esportes e Eventos, fez a felicidade das crianças com diversas atividades, inclusive com entrega de medalhas e troféus aos participantes. Houve futebol, vôlei, badminton, tênis de mesa, atletismo, entre outras modalidades esportivas. E ainda, jogo de memória do Pan, oficina de artes do Cauê, medição de pressão, informações sobre o Pan Rio 2007 e apresentação de atividades promovidas pela Prefeitura. 
Histórico
A Chama Pan-americana foi acesa no dia 4 de junho, às 12h, nas Pirâmides de Teotihuacán, no México, e no dia 5, chegou ao Brasil, no aeroporto de Porto Seguro. Seguiu em comboio para Santa Cruz Cabrália, na Bahia, onde foi acesa a Tocha Pan-americana Rio 2007, iniciando o Revezamento. Em seguida, retornou para Porto Seguro já como parte do Revezamento. Cabrália e Porto Seguro foram escolhidas por formarem a Costa do Descobrimento do Brasil. De Porto Seguro, a Tocha seguirá pelas 27 capitais e por 22 localidades brasileiras, totalizando 51 pontos de passagem.
A Chama Pan-americana segue o mesmo conceito da Chama Olímpica. A Chama é única, mantida acesa dentro de uma lanterna durante todo o tempo. A partir do fogo da Chama é que são acesas as tochas durante o Revezamento.
O Revezamento se encerra no Rio de Janeiro, em 13 de julho, quando haverá a Cerimônia de Abertura dos Jogos Pan-americanos Rio 2007, com o acendimento da Pira Pan-americana no Estádio do Maracanã. O Revezamento da Tocha é um evento que antecipa todas as edições dos Jogos Olímpicos. Ele simboliza a paz, a amizade e a integração dos povos através do esporte, valores fundamentais do Olimpismo. A Tocha Olímpica é um dos maiores símbolos olímpicos e origina a Tocha Pan-americana. As cidades-anfitriãs representarão os 42 países das Américas participantes dos Jogos Pan-americanos Rio 2007, podendo um mesmo país ser representado por mais de uma localidade. A seleção de cidades se baseou na inclusão de capitais estaduais e de outras localidades, a partir de critérios como a representatividade econômica, histórica, ecológica e turística de cada uma. Cerca de três mil pessoas conduzirá, entre atletas e personalidades, a Tocha pan-americana Rio 2007.
O projeto de Revezamento da Tocha Pan-americana Rio 2007 pelas cidades brasileiras tem orçamento global de R$ 10 milhões e conta com apoio do Governo Federal e patrocínio da empresa Samsung. Este valor contempla, entre outros itens, a produção do evento; a fabricação de mais de três mil uniformes para condutores e equipes de trabalho; a fabricação de lanternas; piras e 500 tochas que vão circular pelas cidades; a estrutura do veículo de mídia que acompanha o comboio; a contratação de produtora de vídeo e de foto e a aquisição de combustível (gás) para as tochas.
Os custos locais do Revezamento – passagens aéreas das equipes precursoras de produção; hospedagem; alimentação; e transporte terrestre de todas as equipes de trabalho antes e durante a passagem da Tocha, assim como aluguel dos carros e combustível do comboio durante o Revezamento em cada cidade – somam R$ 1,6 milhão. Para facilitar o fornecimento desses serviços e evitar atrasos no cronograma, foi definido que essa soma seria rateada entre as cidades-anfitriãs, em forma de taxa de adesão, com valor máximo de R$ 56 mil, e fornecimento dos serviços.
O Ministério do Esporte está investindo R$ 4,7 milhões no projeto, com o objetivo de aproximar a população dos Jogos, mostrar a diversidade do País, estimular a prática esportiva e promover os municípios integrantes do circuito. Além disso, o Ministério também vai custear o combustível do avião que vai conduzir a chama pelo País. Já para o Ministério do Turismo (MTur), a passagem da Tocha pelo Brasil é uma oportunidade para divulgar outros destinos turísticos, afora o Rio de Janeiro, especialmente para o exterior. Em todo o circuito da Tocha haverá ações visíveis do Ministério do Turismo, que está investindo aproximadamente R$ 117 milhões em ações relacionadas aos Jogos Pan-americanos e Parapan-americanos.
Os primeiros Jogos Pan-americanos se realizaram em Buenos Aires, na Argentina, em 1951. Na ocasião, a Chama foi acesa em Acrópole, na Grécia, como nos Jogos Olímpicos. A criação da Chama Pan-americana só aconteceria quatro anos depois, no México. Já nos II Jogos Pan-americanos México 1955, a Chama foi acesa em Serra da Estrella, um local onde os astecas realizavam cerimônias religiosas. De lá, atletas carregaram a Tocha através do país, por cidades e sítios históricos, até o Estádio Olímpico.
Em 1959, três mil escoteiros levaram a Chama do México até Chicago, nos Estados Unidos, sede dos Jogos daquele ano. Em 1963 chegou a vez do Brasil, quando São Paulo abrigou os IV Jogos Pan-americanos. O esquema foi ligeiramente modificado, com a Chama sendo acesa por índios Carajás, em Brasília, como em um antigo ritual da tribo. Quatro anos depois, a Chama voltaria a ser capturada na cerimônia asteca, em Serra da Estrella, partindo de lá para Winnipeg, no Canadá.
Em 1991, houve uma mudança na cerimônia de acendimento da Chama Pan-americana, que passou a ser realizada nas pirâmides de Teotihuacán, local que teve grande importância para a civilização asteca. Sítio histórico e sagrado até hoje, Teotihuacán era um lugar para rituais de adoração ao Sol, visto como uma espécie de entidade divina pelos nativos. Segundo sua mitologia, para o Sol continuar a brilhar e espalhar a vida, era preciso que se mantivesse sua energia armazenada. Por conta dos rituais de fogo nessa tradição que Teotihuacán foi escolhida como a nova sede da cerimônia de acendimento da Chama Pan-americana.

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