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O mau tempo não atrapalhou os milhares de visitantes e turistas que saíram às ruas em diversas localidades do município para brincar Carnaval. No “Carnaval Como nos Velhos Tempos” promovido pela Prefeitura, através da TurisAngra, todos se divertiram a valer. Também não é para menos. Foram 14 shows na Praia do Anil, 22 blocos de embalo nas ruas do Centro da cidade e nove blocos nos bairros durante os dias de folia que em Angra começa sempre mais cedo, este ano no dia 30, quarta-feira. Isso sem contar as Matinês e os Bailes da Feliz Idade no Cais de Santa Luzia, o Carnaval nos bairros com música mecânica e com bandas, inclusive na Ilha Grande, e nos dias em que a chuva deu uma trégua lambaeróbica nas praias.
Segundo a diretora Executiva Turisangra, Cristiane Brasil, o Carnaval atraiu cerca de 150 mil visitantes a Angra dos Reis, ou seja a população da cidade dobrou nesses dias de folia. O movimento de turistas foi 22% maior que no ano passado com 95% da rede de hospedagem lotada. Além da natureza exuberante, a programação carnavalesca também contribuiu para isso. Afinal Angra dos Reis sempre oferece paz e sossego para quem quer descansar e festa com tranquilidade e segurança para os foliões.
Nos bairros, o Carnaval promovido pela Prefeitura foi um sucesso. Em bairros como Vila Nova de Mambucaba (antigo Perequê), Frade e Vila Histórica de Mambucaba, visitantes e moradores tomaram os locais dos eventos e caíram na folia. O Carnaval também foi um sucesso na Ilha Grande. A Bateria do Império Serrano botou pra quebrar e agradou em cheio aos moradores e turistas da Vila do Abraão. O Prefeito Fernando Jordão e o presidente da TurisAngra, Manoel Francisco de Oliveira, foram à Ilha conferir de perto como estava a folia. Ficaram satisfeitos com o que viram. O pessoal da área de turismo, os demais moradores e os turistas estavam felizes e satisfeitos com a festa da Prefeitura.
Os blocos no Centro da cidade e principalmente nos bairros vêm crescendo a cada ano e consolidando ainda mais o perfil de Angra dos Reis para este tipo de folia democrática, onde todos podem participar. O Bloco Unidos da Porteira foi um bom exemplo disso. Concentrado na Praça que leva o mesmo nome arrastou os foliões pelas ruas da Japuíba. No Balneário a cena se repetiu. O Bloco Unidos do Balneário colocou o bairro na folia e arrastou uma multidão para a festa do Carnaval. A Associação Recreativa e Cultural dos Blocos Carnavalescos de Angra dos Reis (ABCAR), criada no final do ano passado vem acompanhando esse crescimento. O presidente da entidade, Beto Carmona, adiantou que a ABCAR está de braços abertos para receber novas agremiações de qualquer comunidade de Angra.
Mas o último dia de folia chegou e as manifestações de alegria se repetiram por todo município. As ruas do Centro da cidade foram sacudidas pelos Blocos Sujos de Lama, Bloco Unidos do Morro do Tatu, Bloco Malhação, Bloco Caras Pintadas e Galera do Rock e o Quarta Sem Lei que tradicionalmente fecha o Carnaval de Rua em Angra. Na Praia do Anil a festa ficou por conta da Banda Lumnys, da Bateria da Escola de Samba Portela e Dominguinhos do Estácio e da Banda Água de Fogo.
Ninguém queria ficar de fora da última noite de folia. O primeiro bloco a tomar as ruas foi o Bloco Sujos de Lama. A concentração aconteceu no Morro do Carmo. Ao contrário do que muita gente pensa o bloco não é uma imitação do Bloco da Lama de Paraty. Seu presidente, João Márcio, explicou que o Bloco foi criado há seis anos. O Sujos de Lama, nasceu quando um grupo de amigos aproveitou o feriado de Carnaval para içar um barco que estava naufragado na Baía da Ribeira. O barco estava cheio de lama e a turma que participou da operação ficou do mesmo jeito, daí surgiu a idéia de sair pelas ruas da cidade todos sujos de lama. Pronto estava criado o Bloco cuja marca é a alegria, a descontração e a irreverência.
Este ano o abre alas foi um caranguejo feito em isopor puxado por um folião enlamaçado. Com bateria própria a comunidade resolveu homenagear uma de suas figuras ilustres: Wandi Queiroz um dedicado batalhador pelos esportes em Angra.
Mais tarde, foi a vez do Bloco Unidos Morro do Tatu animar os foliões. O Bloco desfila há 15 anos. Nasceu numa mesa de bar da comunidade, como a maioria dos blocos. Veio com uma bateria afinada. Segundo seu fundador, Jorge Luiz Pereira, o Bloco saiu com 300 camisas, mais 60 integrantes da bateria. Isso sem contar a multidão de foliões se uniu aos integrantes e já não se podia contar quem estava ou não estava com a camiseta. O que importava era dançar, cair na folia e curtir a última noite de Carnaval.
O Bloco Malhação saiu logo após o Unidos do Morro do Tatu. Sua concentração foi no Texaco. Formado na comunidade da Fortaleza, também saí com sua própria bateria e tem como marca registrada a irreverência, a sátira. Márcio Gambá, presidente da agremiação explicou que tudo começou há 14 anos com uma brincadeira entre amigos, daí o nome “Malhação”.
O Bloco Caras Pintadas e Galera do Rock que já havia saído na sexta-feira voltou às ruas no último dia de Carnaval . O bloco é formado por dois grupos, admiradores de rock e muito axé, que se fundiram em 1996 para contribuir com a alegria do carnaval da cidade e hoje arrasta centenas de foliões pelas ruas da cidade, a maioria jovens que normalmente curtem mais o estilo musical proposto pela agremiação.
Como já faz parte da tradição, o Bloco Quarta Sem Lei fechou o Carnaval de Rua em Angra. O Bloco que ganha as ruas da cidade sempre a partir do primeiro minuto da madrugada de Quarta-feira de Cinzas foi fundado há 14 anos, por um grupo de músicos, numa mesa do antigo bar Dendeco’s, Seus fundadores, músicos, poetas e cantores sempre se reuniam na Quarta-feira de Cinzas no Dendeco’s para tocar todos os gêneros de música. De uma dessas reuniões surgiu a idéia de formar um bloco e assim nasceu o Quarta Sem Lei, que hoje não reúne só artistas como toda a população e turistas que passam o Carnaval na cidade.
Nilson Correa, presidente do Quarta Sem Lei, explicou que aproveitando que a Ilha Grande foi eleita uma das 7 Maravilhas do Rio o Bloco fez uma homenagem a Angra dos Reis. Ele lembrou que Angra não tem apenas uma Maravilha como diz a própria letra do samba: “Maravilha...São tantas ilhas espalhadas no teu mar... Maravilha... Linda pintura que encanta o olhar”. O Quarta Sem Lei ganhou as ruas da cidade com 350 integrantes com a camisa do Bloco, além de outros tantos que foi arregimentado ao longo do percurso até a dispersão no Cais de Santa Luzia.
Aqueles que não curtem os blocos de embalo não ficaram órfãos no “Carnaval Como nos Velhos Tempos”, e no último dia de folia não foi diferente. A Praia do Anil foi tomada por milhares de pessoas, cerca de 30 mil, que se esbaldaram na folia até a madrugada de Quarta-Feira de Cinzas. A Banda Lumnys foi a primeira a subir ao palco. Mas o samba não ficou de fora. A Bateria da Escola de Samba Portela e o cantor Dominguinhos do Estácio levantaram a multidão e mostraram que não existe quem resista a esse ritmo contagiante. Quem fechou o Carnaval na Praia do Anil com chave de ouro foi a Banda Água de Fogo. Formada por cinco músicos cariocas e um baiano, cantou um extenso repertório de composições próprias e de bandas consagradas como, Asa de Águia, JaMMil e Uma Noites e Eva que colocou a galera para dançar no último dia de folia.