A Mostra Oficial do XIII Encontro Nacional de Teatro de Rua foi iniciada na manhã de quinta-feira, dia 17, com grande sucesso de público. As ruas, as praças de Angra dos Reis são mais uma vez palco de uma das mais importantes manifestações culturais e populares, com espetáculos gratuitos e de entrosamento com o público.
Foi um sucesso da primeira apresentação com o espetáculo Claufusão! Show de Palhaço, com o Pequeno Teatro de Retalhos/RJ, e das performances com artistas de Angra, na Rua do Comércio. Mas a abertura oficial foi marcada mesmo pelo grande cortejo de artistas, que saiu do Teatro Municipal e seguiu pelas ruas do Centro até à Casa de Cultura, embalados pela Fanfarra da Escola Conde Pereira Carneiro.
Mais tarde, às 21h, na Praça da Matriz, o espetáculo Andarilhos de Repente, com o grupo de Teatro Armatrux, encantou o público com o teatro de bonecos. Foi um espetáculo que arrancou risos e suspiros de crianças e de adultos.
SEXTA-FEIRA, DIA 18
Na manhã de sexta-feira, dia 18, o espetáculo Francês Latruc Passarela de ImaginaSom, com o performer Cyril Hernandez, prendeu a atenção de todos, na Praça do Carmo. O espetáculo é uma festa para os ouvidos com uma mistura de música e dança, teatro e linguagem eletrônica, numa apresentação itinerante com diversas instalações sonoras pelo trajeto. Outro espetáculo que surpreendeu na manhã desta sexta, na Praça da Matriz. Os espetáculos se repetiram à tarde.
Ainda à tarde, foi encantador o espetáculo Se Essa Rua Fosse Minha, com Palco Cia. De Teatro. “Teresinha de Jesus”, “Pai Francisco” & “Alecrim Dourado” (extraídos do folclore infantil) são três personagens “brincantes”, com diferentes origens e realidades culturais, mas que se reúnem todos os dias na rua onde moram para brincar. Mais uma vez, o espetáculo encantou crianças e adultos.
À noite, a Praça da Matriz ficou lotada de pessoas de todas as idades para assistirem ao espetáculo “O Vaqueiro que não Sabia Mentir”, com o grupo Cutucurim. DE forma muito divertida, a peça conta a história de dois fazendeiros que apostaram um saco de dinheiro na honestidade do fiel vaqueiro de um deles. Mesmo convencendo a filha a seduzir o vaqueiro para que ele matasse o boi de estimação do fazendeiro e depois mentisse sobre o ocorrido, o fazendeiro ganancioso não ganhou a aposta porque o vaqueiro confessou que fez tudo por amor. O grupo, que não cobrou cachê para se apresentar no XIII Encontro de Teatro de Rua, volta à cena após um acidente sofrido no final do ano passado ao retornarem de uma apresentação fora de Angra. A apresentação contou com o talento do ator Mário dos Anjos, presidente da Cultuar, nos papéis do Fazendeiro Euzébio e do Galo, que interagiu o tempo todo com as crianças sentadas bem à frente do grande público.
Depois, ainda na Praça da Matriz, houve declamação aberta de poesia, enquanto o Grupo Experimental de Teatro Vivarte, de Rio Branco, no Acre, se preparava. A apresentação do Vivarte, “Manoela e o Boto” mostrou a história de Manuela, menina vaidosa, mas de muita simplicidade. Em seringal, ela vive a espera de seu príncipe encantado. Numa noite de luar, Manuela encontra um moço encantado em boto e se apaixona. Ao contrario da lenda, em que o rapaz é um boto, ele foi enfeitiçado depois de um naufrágio e perdera a família. O rio o salvou, transformando-o em um de seus habitantes.
SÁBADO, DIA 19
No sábado, dia 19, houve muito mais espetáculos, mesa de bate-papo e as oficinas. Pode-se se dizer que o dia foi dos palhaços. Logo pela manhã, a Cia. Será o Benedito, apresentou o espetáculo O Salto, com o Palhaço Migué Bruguelo Ditoefeito. A apresentação foi transferida da Praça do Porto para a tenda no Cais de Santa Luzia, devido ao mau tempo. Mas as gargalhadas de um grande público foram garantidas. Depois, a participação dos artistas foi grande no bate-papo, na Casa de Cultura, com o tema “O Teatro de Rua e a Questão Social”. À tarde, mais uma vez, os palhaços levaram alegria a adultos e crianças. Na tenda, aconteceram os espetáculos “Café Pequeno e Psiu’, com o Grupo Off-Sina, do Rio; “Cuscuz Circus”, com o Daniel, do México, que fez uma apresentação surpresa; e “O Espetáculo Não Pode Parar!!!, com o Quintal do Circo, de Angra. Todos com atraíram um grande público e garantiram a certeza que o palhaço leva adultos a se tornarem crianças.
O espetáculo “Comédia de Arlequim & Miranadolina”, com o Carrera, do Rio, que seria na Praça da Matriz, passou para o Convento São Bernardino, devido à possibilidade de chuva. Quem resolveu subir a ladeira do convento, não se arrependeu diante de um espetáculo de máscaras.
Fechando o sábado, o espetáculo “A Brava”, com a Brava Companhia, de São Paulo, se apresentou na Praça do Porto, contando a história de uma brava mulher, que 1429, enfrentou a todos. O espetáculo teve muita música, drama, comédia e prendeu o público até quase meia noite.
DOMINGO, DIA 20
O domingo começou com muito debate, no Centro Cultural Theóphilo Massad, durante o lançamento do livro Em Busca de Um Teatro Popular, de autoria de César Vieira, do Grupo Teatro Popular União Olho Vivo, de São Paulo. O livro é comemorativo pelos 40 anos de história do grupo. O bate-papo também contou com a participação do Tá na Rua, do Rio de Janeiro.
Mais tarde, às 17h, na Praça do Porto, o Grupo Teatro Popular União Olho Vivo apresentou a peça Barbosinha Futebó Crubi: uma história de Adonirans Barbosa. Uma peça teatral que através de um jogo de futebol narra a luta do compositor paulista Adoniran Barbosa em prol da música popular brasileira. A praça ficou cheia e a chuva ameaçou, mas o grupo realizou sua bela apresentação até final sem que ela caísse. Já a peça A Farsa do Pão e Circo, com o Grupo Teatro de Caretas, do Ceará, às 20h, marcada para a Praça da Matriz, foi realizada na tenda montada no Cais de Santa Luzia, por causa da chuva. A tenda ficou lotada e quem foi não se arrependeu ao assistir a peça inspirado no entremeio “Todo mundo e ninguém”, do auto secular de Gil Vicente que faz uma série de considerações sobre a moral humana e o universo do artista de rua, com humor, mas levando a sério as questõrs sociais.
A chuva deu uma trégua e o GrupoGrupo Teatro Meio Fio, do Rio de Janeiro, pôde apresentar a sua adaptação de Medea. Em frente ao Centro Cultural Theóphilo Massad, às 20h, o grupo mostrou O ato terrível da vingança é irreversível: a desesperada Medea vai enterrar seu punhal na carne macia e tenra de seus filhos.
Depois, às 21h, a Cia Lua saiu em procissão pelas ruas da cidade, com velas, sinos e entoando uma ladainha clamando pela preservação dos rios. O público acompanhou e cantou junto até o Aterro do São Bento, onde o grupo encerrou o espetáculo Rio Chora, Chora Rio.
SEGUNDA-FEIRA, DIA 21, TEM MAIS!!! VEJA A PROGRAMAÇÃO ABAIXO!!!
O XIII Encontro Nacional de Teatro de Rua deste ano conta com 20 apresentações de 18 espetáculos, além de várias performances com artistas de Angra e convidados. Na programação, também há oficinas para artistas, arte-educadores e para o público em geral. Nas 21 comunidades, que recebem este ano espetáculos de seis grupos, a programação esta sendo refeita, devido ao mau tempo dos dias 14, 15 e 16, para quando estava marcado o Circuito Cultural nos bairros.
De acordo com o presidente da Fundação de Cultura de Angra dos Reis, Mário dos Anjos, o encontro já está consolidado e, este ano, o diferencial será a intensificação das apresentações nas comunidades, levando o teatro às pessoas mais carentes e distantes de um circuito cultural central.
“Desde a década de 70, os grupos teatrais de Angra dos Reis se apresentam em diversos locais do país e até do exterior. Em 1990, o Grupo Cutucurim teve a idéia de realizar em Angra dos Reis um grande encontro. Através, o Centro Unificado de Cultura e Artes (CUCA) realizou a primeira edição do encontro. Este ano, vamos realizar o 13º ENCONTRO NACIONAL DE TEATRO DE RUA – ANGRA DOS REIS, intensificando cada vez mais as apresentações nas comunidades para que todos tenham acesso à arte. Também valorizamos os talentos locais e a integração com artistas de diversos lugares para que a troca de experiência possibilite o crescimento profissional e a popularização desta arte milenar”, ressaltou Mário.
PROGRAMAÇÂO
Dia 21 - segunda-feira
A Incrível Viagem da Família Aço - Cia. Entreato/RJ
Sinopse – Pelo folclore brasileiro, a Cia. Entreato - vencedora de diversos prêmios – exibe um espetáculo para criança, mas que os adultos adoram.
Local: Praça do Carmo
Horário: 16h
Dia 21 - segunda-feira
Eh Boi! - Teatro Kabana/MG
Sinopse - Ao som de caixas, violas, pandeiros e inebriado pela folia, o Grupo Kabana pede licença aos poetas do cordel, aos vaqueiros e seus melancólicos aboios e aos cantadores do sertão para cantar o BOI. Um espetáculo de teatro de rua, inspirado em folguedos populares brasileiros em que o boi é amplamente cultuado e reverenciado.
Local: Praça do Porto
Horário: 17h
Dia 21 - segunda-feira
Deus e o Diabo na Terra de Miséria
Oigalê – Cooperativa de Artistas teatrais de Porto Alegre/RS
Sinopse - Livre adaptação do Capítulo XXI do livro "Dom Segundo Sombra" de Ricardo Güiraldes para o teatro de rua, mais conhecido como Ferreiro e a Morte. “Deus e o Diabo” é um causo que vira teatro, trova, rima e música. Uma farsa gaudéria que conta como a miséria ficou espalhada pelo mundo.
Local: Praça da Matriz
Horário: 20h
Oficinas para artistas e arte educadores
Dias: 13, 19, 20 e 21
*Maquiagem – Marcelo Andriotti
Local: Convento São Bernardino de Sena
Horário: 13 às 16h
Oficinas para artistas e arte educadores
Dias: 19, 20 e 21
*Cenário e Figurino – Neyva Santiago
Local: Centro Cultural Theóphilo Massad
Horário: 13 às 16h
Oficinas para artistas e arte educadores
Dias: 20 e 21
*Cia. Bonecos Urbanos – Rubinho Louzada e Eduardo Alves
Local: Casa da Cultura Poeta Brasil dos Reis
Horário: 13 às 16h
Curadoria: Michelle Cabral