Sertão Vivo / Ilha Viva

Mais de 100 integrantes do programa sertão Vivo / Ilha Viva participam de importante seminário

Sexta-Feira, 24/11/2006 | .

 
Durante a manhã do dia 22, mais de 100 integrantes do Programa Sertão Vivo / Ilha Viva, da Secretaria de Educação, Ciência, Tecnologia e Inovação da Prefeitura de Angra dos Reis, se reuniram na Escola Municipal General Silvestre Travassos, na Praia Grande de Araçatiba (Ilha Grande) para participarem de mais um importante seminário para trocar experiências, adquirir novos conhecimentos e se confraternizarem.
 O Programa que nasceu em 2002 no Núcleo de Ações Comunitárias da Gerência Comunitária da Subsecretaria de Educação é composto por moradores de comunidades do sertão (Perequê, Caputera, Bracuí e Ariró) e da Ilha Grande (Praia Grande, Vermelha, Longa e Sítio Forte). Tem como meta envolver as escolas para promover o desenvolvimento sustentável dentro dessas comunidades, incentivando a criação de artesanato com matérias primas encontradas na natureza, como palha de bananeira , palha de milho, sementes e conchas; e utilizando materiais recicláveis. Ensina   culinária de doces e geléias utilizando-se a banana e sua casca, além de outras frutas que encontramos com abundância na região como a goiaba. Incentiva a criação de hortas domésticas e fazendas marinhas. E promove também cursos como o de hotelaria e diversas outras oficinas, dependendo do interesse das comunidades envolvidas. Pelo sucesso e crescimento que o programa vem obtendo, a Prefeitura pretende estendê-lo brevemente para as comunidades do sertão da Serra DÁgua e para as praias da Ilha Grande ( Aventureiro e Provetá).
Grande parte dos integrantes do Sertão Vivo / Ilha Grande são mulheres, jovens e senhoras, que estão fazendo e vendendo bolsas, abajours, compotas de doces, quadros, flores, tapetes, bonecas, baús, biojóias, porta-trecos e diversos outros artesanatos. A euforia e alegria delas é tão grande que está contagiando os homens e crianças das comunidades que já começam a se integrar aos grupos. Os artesanatos são de grande beleza e perfeição e muitas artesãs já estão comerciando-os para fora do município, como é o caso da artesã conhecida como Nana que faz bonecas e bolsas. Além de criar renda familiar o Programa também funciona como terapia para a maioria das mulheres que se sentem valorizadas ao produzi-los e ao repassar o conhecimento para novos integrantes.
 Um outro objetivo do seminário também foi alcançado com sucesso, que foi promover a interação entre as comunidades que participam do programa, seja do sertão ou da ilha. A festa começou logo no Cais de Pesca, onde os grupos do continente se encontraram para pegar o barco às 7 horas da manhã. Cada pessoa trazia um apetitoso bolo ou comida típica de sua região  para o gostoso e farto café da manhã comunitário que foi degustado durante o trajeto até a Praia Grande de Araçatiba. O mesmo acontecia nas demais praias onde o barco parava. Novos grupos de pessoas se juntavam com mais comes e bebes. Além das gostosuras todos traziam seus trabalhos para serem expostos e no barco já mostravam uma para as outras as novas peças e trocavam truques de confecção que eram assimilados rapidamente entre elas.
 O seminário também serviu para ressaltar o conceito de sustentabilidade gerando sensibilidade e reflexão tão necessárias sobre o assunto. Diversos integrantes do programa fizeram relatos sobre suas experiências e as diretoras das escolas da Praia Grande de Araçatiba, da Praia Vermelha e do Ariró, também deram depoimentos sobre como suas escolas estão abraçando o programa.
Todos os depoimentos emocionaram os presentes, como o da artesã Denise, da Caputera. Ela disse aos prantos que estava felicíssima ao ver tantas pessoas presentes ao seminário e apresentando cada uma trabalhos de excelentes qualidades.
_ Graças a Deus o Sertão Vivo / Ilha Viva, não me deu somente uma fonte de renda que vejo aumentar dia a dia. Ele me fez sentir uma pessoa melhor, que produz para a comunidade e que pode ensinar outras pessoas a fazerem o que eu faço. Sei que o artesanato tem altos e baixos , como qualquer outra fonte de renda, mas quando vejo muitas pessoas reunida s com o mesmo propósito que o meu , sinto que tudo vai melhorar, só depende de nós, disse ela.
Outros depoimentos como os da Tia Alice , também do Ariró, do Seu Antônio e a esposa Celina ( Caputera), da Neli ( Bracuí), da Zilda ( Praia Vermelha), Zenaide ( Praia Grande de Araçatiba), Eliane ( Sítio Forte) e de diversas outras artesãs, também prenderam a atenção da platéia que ouvia atentamente cada relato. O depoimento da artesã Laudiana dos Santos Solice, a “Nana”, foi um dos mais importantes, inclusive foi impresso e distribuído entre os presentes. Ela é a fabricante das preciosas bonecas que ela denomina de “ baianinhas e de mitidinhas” que estão fazendo sucesso entre as artesã e em todas as exposições que o Programa sertão Vivo / Ilha Viva participa.
- Sempre admirei artesanato, mas só agora com o programa tive a oportunidade de aprender nas oficinas que a Prefeitura ofereceu.  Hoje faço do artesanato o meu grande aliado no dia a dia. Atualmente faço minhas lindas bonecas que me requerem paciência e capricho. São delicadas e pequenas, como eu. Sinto grande alegria em criá-las e passar adiante meu conhecimento. Me realizo cada vez que faço uma delas. Tudo isso dá alicerce para desenvolver meu trabalho. Espero continuar contando com o apoio de todos os segmentos para dar continuidade a ele, que hoje é a minha fonte de renda e de alegrias, - afirmou ela.
 A Escola General Silvestre Travassos que sediou todo o evento e ofereceu almoço para os participantes , durante a programação também ofereceu para os professores, diretoras das escolas e diversos alunos, uma palestra sobre biodiversidade, efeito estufa e a problemática da escassez da água, proferida pelo professor da escola. Leandro Gonçalves. Durante o encontro, os artesanatos produzidos ficaram expostos para visitação dos alunos e da comunidade da Praia Grande de Araçatiba. O evento foi finalizado com uma interessante palestra com o engenheiro florestal do Ibama, Ney França, falando sobre o manejo florestal e a cultura da banana Mata Atlântica.
Todos os produtos produzidos pelo programa participam de exposições e são comercializados durante os diversos eventos municipais. Eles também estão sendo vendidos nas feiras de artesanato da cidade e podem ser encomendados nas escolas que participam do projeto.

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