Na manhã do dia 22, a Marinha do Brasil, através do Colégio Naval, realizou no Monumento Aquidabã, na Ponta Leste, a Cerimônia de Aposição de Flores e salva de Tiros de Canhão, em homenagem aos mortos do Encouraçado "Aquidabã", cujo naufrágio na baía de Jacuecanga, completou no dia 21 de janeiro, 101 anos.
A cerimônia que teve o apoio da Prefeitura de Angra, foi presidida pelo Comandante do Colégio Naval, Capitão-de-Mar-e Guerra Sérgio Luiz Coutinho, acompanhado pelo Chefe de Gabinete da Prefeitura, João Massad (representante do Prefeito Fernando Jordão no ato); peloDelegado da Capitania dos Portos,Germano Teixeira, e Érico da Fonseca (representando o Ateneu Angrense de Letras e Artes). Diversas outras autoridades marcaram presença, destacando-se os representantes da Associação dos Amigos de Marinha, Soamar.
A solenidade foi iniciada com a chegada do Comandante do Colégio Naval ao Monumento. Em seguida, a Banda do Colégio Naval executou o Hino Nacional e foi lida a Ordem do Dia. A homenagem prosseguiu com as autoridades depositando três coroas de flores no monumento; execução do toque de silêncio; lançamento de pétalas no local do naufrágio, pelas embarcações de instrução da Marinha, "Rosca Fina" e "Leva Arriba"; e finalizada por uma salva de 13 tiros de canhão feita pelo Navio-Patrulha "Guaporé".
Um pouco da história do Encouraçado Aquidabã
Construído na Inglaterra, o "Aquidabã" foi incorporado à Primeira Divisão de Guerra, no início do ano de 1886, subordinado à Força Naval Brasileira, tendo sido o seu primeiro Comandante, o Capitão-de-Mar-e-Guerra Custódio José de Mello.
Em novembro de 1891, o Encouraçado "Aquidabã" aderiu às Forças Navais que se revoltaram na Baía da Guanabara, no movimento que derrubou o Marechal Deodoro da Fonseca. A seguir, no ano de 1893, tomou parte ativa na Revolta da Armada, tendo inclusive, por três vezes, forçado, com sucesso, a barra do porto do Rio de Janeiro, sob o fogo cerrado das fortalezas da costa. Posteriormente, em Santa Catarina, próximo ao porto do Desterro, onde se localizava a base dos navios rebelados, foi atingido pela Torpedeira Gustavo Sampaio, da Força legalista, vindo a afundar em local de pouca profundidade. Logo após este episódio, o navio foi reflutuado, sofreu reparos e, em 1894, seguiu para a Alemanha e Inglaterra, a fim de ser submetido a grandes reparos estruturais e modernização de seu armamento. Ao término dos reparos, em 1897, o navio realizou diversas Viagens de Instrução e participou, á época, das inovadoras experiências com telegrafia sem fio.
Em 21 de janeiro de 1906, o "Aquidabã" encontrava-se fundeado na Baía de Jacuecanga, juntamente com os Cruzadores "Tiradentes" e "Barroso", tendo a bordo uma Comitiva Ministerial, que estudava a possibilidade de transferência do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro para àquela região, necessidade que se vislumbrava, decorrente do Programa de Construção Naval do Ministro Júlio de Noronha. Nesse dia, por volta das 22 horas e 45 minutos, uma explosão no paiol de munição partiu o navio ao meio, afundando-o em poucos minutos, estando a bordo 212 homens da sua tripulação e parte da Comitiva Ministerial. As ações de socorro foram imediatamente prestadas pelos navios fundeados próximos ao acidente, sendo salvos 96 tripulantes.
Neste trágico acidente, pereceram três Almirantes, quatro Oficiais Superiores, dentre os quais o Comandante do Navio, Capitão-de-Fragata Arthur da Serra Pinto, oito Tenentes, dezesseis Guardas-Marinha, dentre eles Mário de Noronha, filho do Ministro da Marinha e dezenas de valiosas Praças.
Em 1913, como uma justa homenagem àqueles que perderam suas vidas vítimas dessa explosão , a Marinha do Brasil ergueu um sóbrio monumento, na Ponta Leste de Jacuecanga, de onde se pode avistar o local do afundamento do Encouraçado "Aquidabã". Para este monumento foram transferidos, com o consentimento dos familiares, alguns restos mortais das vitimas que sucumbiram no acidente.