Intitulada “Entre roda e raiz: jongo do Quilombo do Bracuí“, a exposição atualmente em cartaz na Casa de Cultura Poeta Brasil dos Reis convida o público a uma imersão na cultura ancestral do Jongo, manifestação do Quilombo de Santa Rita do Bracuí, nos arredores de Angra dos Reis.
Organizada por meio de um processo de cocriação com a comunidade do Bracuí, a mostra apresenta fotografias de homens, mulheres e crianças em plena vivência do Jongo. Flâmulas dispostas ao redor do espaço recriam a formação da roda, imergindo os visitantes nessa manifestação ancestral que coloca em evidência a cultura negra. Além disso, os tambores originais utilizados nas rodas do Bracuí também estão em exibição, conectando o público ao pulsar dessa tradição.
– Reforçar a importância do jongo do Quilombo do Bracuí aos angrenses e turistas, através de uma exposição cultural conectada com as tradições e com a ancestralidade dos quilombolas, é ajudar a não deixar que uma história marcada por escravidão, resistência e liberdade seja esquecida – declara o secretário de Cultura e Patrimônio Andrei Lara.
Tradição, história e preservação
Promovida pela Prefeitura de Angra dos Reis, através da Secretaria de Cultura e Patrimônio, a mostra visa revelar e também valorizar a riqueza cultural de um povo que, por meio da música e da dança, mantém viva a chama de suas origens.
Estabelecido em terras que pertenceram ao comendador José Joaquim de Souza Breves, um dos maiores traficantes de escravos do Brasil, o quilombo representa um símbolo de luta por direitos e preservação cultural. Seus habitantes seguem transmitindo essa herança, mantendo acesas suas raízes e o legado africano. No coração dessa resistência cultural está o jongo, uma manifestação ancestral que une música, dança e canto.
Nas rodas do Quilombo do Bracuí, os três tambores — tambu, candongueiro e tambor menor — ressoam junto aos pontos, como são conhecidos os cantos improvisados que trazem tanto os ensinamentos dos antigos jongueiros quanto temas contemporâneos da comunidade.
Preservando o jongo de tradição, de pés descalços e profundamente conectado à cultura local, o Quilombo do Bracuí mantém-se distante de qualquer conotação turística. Esse movimento fortalece sua autenticidade e o transforma em um símbolo de resistência e identidade quilombola, resgatado e apropriado pelas novas gerações.
A exposição “Entre roda e raiz: jongo do Quilombo do Bracuí“ convida o público a entrar na roda de jongo por meio de uma experiência sensorial e envolvente. A Casa de Cultura Poeta Brasil dos Reis, que recebe a mostra, fica localizada na Rua do Comércio, nº 172, no Centro. O horário para visitação, que é gratuita, é das 10h às 19h, de segunda a sexta, e das 11h às 16h aos sábados, domingos e feriados.