Foi realizada nesta terça-feira (4) uma reunião na sede da Defesa Civil entre a Prefeitura de Angra e representantes dos institutos AfrOrigens, Smithsonian e Slave Wrecks Project e do Quilombo Santa Rita do Bracuí. A reunião teve como principais focos o desenvolvimento do turismo no Quilombo Santa Rita do Bracuí, a ampliação de seu corredor cultural até o mar e a pesquisa sobre o navio escravagista Camargo, que afundou na Baía da Ribeira em 1852, após seu comandante Nathanael Gordon atear fogo na própria embarcação.
Estiveram presentes representando a Prefeitura de Angra o secretário de Desenvolvimento Regional Tiago Scatulino, o secretário de Planejamento e Parcerias, André Pimenta, o presidente da TurisAngra, Marc Olichon e a secretária executiva de Comunicação, Gerusa Guimarães.
– Recebemos o historiador Paul Gardullo, de Washington, nos Estados Unidos, que administra um complexo de museus que contam a história da América do Sul. Ele e seu grupo estão hoje trabalhando em Angra em uma pesquisa arqueológica no navio Camargo, que afundou na Baía da Ribeira. Nós, da TurisAngra, temos muito interesse nesse sítio arqueológico, tanto na parte do mar, quanto na parte da terra, com o intuito de resgatarmos toda a história da cultura quilombola – relatou Marc Olichon, presidente da TurisAngra.
Além da pesquisa arqueológica, um grupo do AfrOrigens também está produzindo um longa-metragem ficcional e um documentário sobre o navio escravagista junto a uma produtora de cinema americana.
– Temos um complexo de 21 museus procurados pelo mundo todo. Nossos museus contam a verdade sobre a história do mundo. O caso do navio Camargo nos interessou, pois queremos nos aprofundar sobre a história da escravidão e da liberdade na América do Sul – comentou o historiador e curador do Instituto Smithsonian, Paul Gardullo, que prometeu tentar trazer o secretário nacional de Cultura dos Estados Unidos na próxima reunião em Angra dos Reis.
Segundo Marilda de Souza, Coordenadora da Associação dos Remanescentes de Quilombo de Santa Rita do Bracuí (ARQUISABRA), a história contada por gerações no quilombo é de que os sobreviventes do naufrágio migraram até a Ilha de Jorge Grego, na Baía da Ilha Grande, e posteriormente fundaram o Quilombo de Santa Rita do Bracuí.
– O sítio arqueológico do navio Camargo, junto ao território do Quilombo do Bracuí, são patrimônios culturais de Angra dos Reis. Precisamos divulgar essa história e fomentar o turismo a partir dela, trabalhando junto à comunidade quilombola. Este é um local de conhecimento da história de Angra dos Reis para além do mergulho no mar – comentou Martha Abreu, professora de história da UFRJ e participante do Instituto AfrOrigens.