Muita gente não sabe, mas o jornalista, contista, cronista, novelista, caricaturista e romancista, Raul Pompéia, autor do romance “O Ateneu”, nasceu na Fazenda Jacuecanga, em Angra dos Reis, em 12 de abril de 1863. A sede da fazenda existe até hoje e Raul Pompéia, que é patrono da cadeira 33 da Academia Brasileira de Letras, foi homenageado na noite de sexta-feira, dia 13, um dia depois de completar 144º de seu nascimento. O local da solenidade não podia ser mais propício: as ruínas do Seminário de Jacuecanga, junto à Igreja da Paróquia Santíssima Trindade, datado de 1809. Durante o evento, sob o céu estrelado, o público pode se refrescar com a água potável distribuída pelo SAAE,
A homenagem a esse angrense ilustre foi realizada pelo metalúrgico José Mário dos Santos com o apoio da Associação de Moradores do Bairro Verolme. Além dos alunos, funcionários e da diretora, Maristela Pimenta, da Escola Municipal Raul Pompéia, em Monsuaba, centenas de moradores de Jacuecanga foram prestigiar o evento. Também, estavam presentes a subsecretária de Ciência, Tecnologia e Inovação, Rita Salomão, que representou o secretário de Integração Governamental, Bento Pousa Costa; o presidente do Ateneu Angrense de Letras e Artes, Érico da Fonseca; a ex-diretora da extinta Escola Estadual Cornélis Verolme, Aparecida Jasmim; o diretor da SAAE, Carlos Alberto Marctti; o padre João Dejij e o professor, escritor e historiados Camil Capaz que proferiu uma palestra sobre Raul Pompéia.
Ele lembrou que em seus 32 anos de vida Raul Pompéia foi defensor da causa abolicionista e republicana e escritor como poucos. Kamil atentou para o fato de outros nomes de história do país terem fundações e instituições que cuidam da preservação e divulgação de suas obras, além de estimular novos talentos e citou como exemplo “A Casa Rui Barbosa” e “A Casa Machado de Assis”, no Rio de Janeiro. Sugeriu que Angra dos Reis fizesse o mesmo com Raul Pompéia, criar uma fundação para cuidar de sua obra e implantar programas para as novas gerações que queiram se enveredar pelo caminho das letras e da literatura.
Além da palestra o grupo de teatro Jacuarte, dirigido por Alexandre Moraes, representou um fato ocorrido no Colégio Abílio, no Rio de Janeiro que despertou sua veia jornalista ao publicar o ocorrido, uma briga entre um aluno e o reitor, no jornalzinho da institução: O Archote. Os alunos da Escola Municipal Raul Pompéia também fizeram sua homenagem a seu patrono. O Coral da Cidade sob a regência do maestro Moacir Saraiva abrilhantou a noite que foi marcada ainda por duas reivindicações. As duas em nome de Raul Pompéia. Uma sugere aos vereadores a criação da Medalha Raul Pompéia a ser conferida aos professores no mês de outubro quando a categoria comemora seu dia. A outra sugere a construção de uma praça em frente à Igreja da Santíssima Trindade para a colocação de busto do filho ilustre de Angra dos Reis.
Raul Pompéia tinha um temperamento sensível. Com a proclamação da República, foi nomeado diretor da Biblioteca Nacional. No jornalismo, revelou-se um defensor exaltado de Floriano Peixoto, em oposição a intelectuais do seu grupo, como Olavo Bilac. Numa das discussões, chegou a desafiar Bilac para um duelo, que não aconteceu por que os padrinhos impediram. Achava que o militarismo, encarnado por Floriano Peixoto, constituía a defesa da pátria em perigo. Com a morte de Floriano, em 1895, foi demitido da direção da Biblioteca Nacional, acusado de desacatar a pessoa do Presidente no explosivo discurso pronunciado em seu enterro. Rompido com amigos, caluniado em artigo de Luís Murat, sentindo-se desdenhado por toda parte pôs fim à vida na noite de Natal de 1895.