A Procissão de São Benedito adiada no dia 9, segunda-feira, por causa de uma forte chuva, aconteceu no início da noite de domingo, dia 16, com a presença de milhares fiéis que lotaram as principais ruas do centro da cidade em uma grande demonstração de devoção e fé cristã. Bento Pousa Costa e sua esposa Cristina, festeiros este ano acompanharam toda a procissão a frente da imagem de São Benedito, que é um dos padroeiros de Angra ao lado de Nossa Senhora Conceição, comemorada no dia 8 de dezembro.
O prefeito Fernando Jordão também acompanhou a procissão que foi conduzida pelo padre João Denij, da Paróquia da Santíssima Trindade de Jacuecanga. O prefeito disse que Angra dos Reis vai se tornar cidade co-irmã da cidade de São Fratello, na Sicília no sul da Itália onde São Benedito nasceu em 1526.
- Eu recebi uma correspondência oficial de São Fratello anunciando o desejo da cidade de se irmanar a Angra dos Reis o que eu prontamente aceitei, - explicou o prefeito lembrando que o Programa de Cidades-Irmãs foi criado depois da II Guerra Mundial para promover a cooperação internacional e a diplomacia entre os povos.
O Rei e a Rainha da festa, Zélio Ramos dos Nascimento e Olga da Conceição, também participaram da Procissão. O casal de monarcas era um costume do continente africano em festas populares inculturado no Brasil. Por ser inicialmente um Santo de devoção dos negros o Rei e a Rainha foram inseridos na festa em Angra pela Irmandade do Glorioso São Benedito. Uma bela tradição que se mantém hoje, inclusive a Rainha deste ano é oriunda da população quilonbola do Bracuí.
Foi a Banda da defesa Civil que anunciou o início da Procissão coma execução do Hino Nacional. Seguido de uma chuva de pétalas de rosas e de um foguetório São Benedito deixou o Convento São Bernardino de Sena para a alegria dos fiéis que chagavam as lagrimas ao ver a imagem. A Folia de Reis do Seu Codrato também abrilhantou a festa que teve ainda as imagens de São Francisco de Assis, de Menino Jesus de Cabeleira, de Nossa Senhora do Rosário, de São Bernardino de Sena, de Santa Clara, de Cristo Rei Ressuscitado, de Nossa Senhora Aparecida, de Santo Antônio, e pela primeira vez de Frei Galvão que será beatificado pelo Papa Bento XVI no mês que vem em sua visita ao Brasil.
Durante todo trajeto São Benedito foi saudado com chuvas de pétalas de flores. Na Rua do Comércio da sacada do Casarão Colonial, onde funciona a TurisAngra, Bianca sob a direção de sua mãe Lú de Queiroz, fez uma homenagem a São Benedito. Ela recitou um poema de louvor ao Santo escrito pelo poeta angrense, Brasil do Reis em 1949. No mesmo local aconteceu a queima de quadros onde a Irmandade de São Benedito agradeceu os colaboradores da festa.
A Procissão terminou com a descida dos mastros em frente ao São Bernardino de Sena. Seguindo a tradição os mastros com as Bandeiras do Santo foram recolhidos pelos fiéis com a presença da imagem de São Benedito. Para finalizar Bento Pousa Costa agradeceu a honra de ser festeiro de São Benedito.
- Foi uma grande emoção participar da festa de São Benedito uma tradição na minha família, uma tradição em Angra, meu muito obrigado a todos que direta ou indiretamente participaram de festa e mantém viva a fé e a devoção a São Benedito em Angra, - agradeceu emocionado.
A devoção a São Benedito em Angra
A devoção a São Benedito, Santo italiano descendente de escravos oriundos da Etiópia, em Angra dos Reis começou no século XVII, quando também foi fundada a Irmandade de São Benedito que organiza a festa todos os anos. Inicialmente a Irmandade era composta por negros. Era costume a irmandade comprar a Carta de Alforria um escravo com o dinheiro arrecadado na festa. O escravo que ia ganhar liberdade era escolhido no final dos festejos por meio de sorteio. Sorteado, o escravo era libertado através da carta adquirida pela mesa administrativa da Irmandade.
A data de realização dos festejos em Angra dos Reis também está ligada à escravidão. Os senhores de escravos da época moravam em fazendas nos arredores onde os negros cultivavam a terra e trabalhavam nos engenhos. Esses senhores possuíam casas na cidade que usavam quando tinham que resolver algum negócio, tratar de alguma enfermidade ou assistir as festas religiosas, como é o caso da Semana Santa. Aproveitando-se de toda essa situação, em que os senhores estavam envolvidos em suas atividades religiosas, os negros transferiram a sua festa para a primeira segunda-feira após a páscoa, tradição que é mantida até hoje.