O secretário de Saúde do município, Gustavo Villa, participou de um programa em uma rádio local nesta quarta-feira (26), pela manhã, para falar, de uma maneira geral, sobre a situação do setor na cidade. Entre os assuntos abordados, o médico deu informações sobre o andamento das obras da UPA Infantil da Japuíba, que se chamará Agda Maria em homenagem a menina que faleceu no ano passado e cuja chance de sobreviver aumentaria consideravelmente se tivesse na cidade uma UTI Infantil. Outro assunto abordado foi a respeito do serviço de exames mais complexos, como ressonância, ultrassonografia, entre outros e o falecimento da mãe de Agda, Rafaela Barros, ocorrido na terça-feira (25), no HGJ (Hospital Geral da Japuíba).
Segundo o secretário, a obra da UPA praticamente está pronta e, se dependesse apenas deste item, a inauguração da UPA Pediátrica Adga Maria aconteceria mesmo no dia 1º de maio, feriado do Dia do Trabalhador, conforme desejo do prefeito Fernando Jordão, que vem acompanhando pessoalmente o andamento da obra, sempre buscando agilizar todo o processo por entender que esta unidade é de extrema importância para a população e principalmente, para um atendimento mais humanizado das crianças. Tudo corria muito bem, mas problemas na licitação de móveis e equipamentos, como macas, etc., apresentou problema. Na parte do mobiliário, nenhuma empresa compareceu mostrando interesse em participar (dos 350 itens, apenas 10 itens tiveram empresas interessadas) e o governo foi obrigado a abrir um novo processo de concorrência, que acontecerá na próxima semana ou na seguinte. A expectativa é de entregar a unidade à população ainda em maio.
A UPA ganhou o nome de Agda Maria porque sua família realizou uma grande campanha no município, liderada por Rafaela, para que a cidade tenha uma UTI Infantil e outras crianças não passem por problemas similares ao de Agda, sua filha. Neste item, a UPA Agda Maria já irá oferecer a população o atendimento emergencial por até 72 horas antes da transferência do paciente para o tratamento especializado. Não chega a ser uma UTI, mas uma UI - Unidade Intermediária, que dará toda a assistência de uma UTI, com respiradouros e outros equipamentos para este tipo de atendimento para crianças de zero a 14 anos de idade.
Vale ressaltar que a UPA Infantil é uma novidade no Brasil e atualmente existem apenas três. Atendendo a um pedido do prefeito Fernando Jordão, o secretário de Estado de Saúde, Luiz Antônio de Souza Teixeira está implantando uma em Angra, a quarta do país. A unidade difere das demais UPAS especificamente no atendimento. Ela continua com as oito salas, sendo quatro delas, do lado direito, consultórios como as UPAs originais e no lado esquerdo é que se diferencia, pois a primeira sala é de triagem, onde o paciente é avaliado e encaminhado de acordo com seus sintomas e necessidades; a segunda sala será mais de humanização, para as mães reservadamente amamentarem e trocarem seus filhos enquanto esperam o atendimento; a terceira será o núcleo interno de regulação, onde a criança será encaminhada para continuidade do tratamento na rede; a quarta será de odontologia, que disporá de dentista 24 horas por dia; e ainda terá a sala de imunização e vacinação. No total serão 19 leitos, sendo quatro para a emergência vermelha, dois para observação, dois para isolamento e o restante para aquelas que necessitarem de um atendimento mais prolongado.
Secretário lamenta o falecimento da mãe de Adga e
declara que todos os esforços foram feitos para salvá-la
O caso do falecimento da mãe da Agda Maria foi uma tragédia para a família e uma coincidência, já que a Rafaela Barras estava muito feliz pela homenagem que será feita à filha, que dará o nome à UPA Infantil da Japuíba. As duas mortes também coincidem por serem semelhantes. Ambas faleceram de infecção generalizada e de forma rápida, o que levanta até a suspeita de algum problema genético de imunidade (está em estudo). No entanto, o que originou a infecção foi diferente, no caso da Agda foi apendicite e no de Rafaela foi uma infecção renal.
O secretário informou que a Rafaela passou mal na quinta-feira (19) e a tia dela chegou a ligar para ele pedindo ajuda. O Dr. Gustavo prontamente se certificou de que a Rafaela tivesse todo o atendimento necessário para aquele momento, se comprometendo de, na segunda-feira seguinte, encaminhá-la para uma consulta com um especialista. De acordo com o secretário, na segunda-feira à tarde a tia ligou novamente relatando que a mãe de Agda estava passando muito mal, com pressão alta e outros sintomas. Ao fazer contato com a equipe de atendimento do Hospital Geral da Japuíba, o médico soube que ela estava muito grave, inclusive sendo intubada. Quando ele retornou à cidade, no dia seguinte, ela já havia falecido. “A Rafaela foi uma pessoa que lutou muito pela melhoria da saúde no município. Ela usou a perda da filha não para se culpar ou culpar os outros, mas como uma forma de ajudar as outras crianças. A luta dela foi muito grande, eu passei a me corresponder com ela e acompanhei. Ela criou a Associação Amigos do Bem, ela estava conseguindo lutar e dar a volta por cima apesar de sua perda. Na semana passada mesmo, ela havia conseguido uma pessoa que viesse da Colômbia para ministrar um curso de nutrição na empresa dela, as coisas estavam acontecendo a favor dela. Esta tragédia nos deixou muito triste, principalmente às vésperas da inauguração que ela iria fazer da UPA Infantil que leva o nome da filha dela”, declarou Gustavo Villa.
Assim que soube do falecimento de Rafaela, o prefeito Fernando Jordão ligou para o secretário para saber sobre o assunto e exigiu que nada fosse omitido deste atendimento. “A família está sofrendo muito e é de partir o coração, mas a mensagem deixada sobre a Rafaela é a de que ela foi um ser humano que serve de exemplo para todo mundo. Aqui a gente chora, mas o céu está aplaudindo a chegada dela por lá”, enfatizou Villa.
Exames como ressonância e outros mais complexos estão em processo de licitação
O secretário Gustavo Villa esclareceu que nem todas as licitações avançaram e muitas delas devem ser finalizadas em maio. Como exemplo, o médico citou o serviço de ecoterapia, os exames de ressonância e de ultrassonografia, que também devem normalizar em maio. A parte de medicação também está em fase de finalização do processo licitatório. Gustavo enfatizou que, apesar de ter feito a compra emergencial de medicamentos, alguns itens ficaram para trás, principalmente os psiquiátricos como o Rivotril e outros, porque ainda existia uma ata aberta das empresas com os preços defasados. Agora tem um novo processo de licitação aberto e em andamento e a expectativa de restabelecer todos esses serviços é no final de maio, segundo o secretário de Saúde, Gustavo Villa.