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Trinta e cinco alunos do curso de Escrita e Leitura em Braille receberam certificados em cerimônia de formatura realizada na manhã desta sexta-feira, 16, no Centro de Estudos Ambientais (CEA), na Praia da Chácara. O curso foi oferecido pelo Conselho Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência (CMDPD), sendo fruto da parceria entre o conselho, a Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Visuais (Apadev) e a Prefeitura de Angra, por meio das secretarias de Desenvolvimento Social e Promoção da Cidadania; Educação; e Administração (Escola de Gestão Pública).
O curso teve carga horária de 80 horas-aula, distribuídas em 20 aulas de aproximadamente quatro horas, e contou com alunos com deficiência visual e também sem deficiência. O objetivo foi oportunizar a troca de experiências entre as pessoas, ampliando o número de capacitados para a orientação e educação do público com deficiência visual, envolvendo também educadores e familiares, no propósito de tornar mais fácil a comunicação do deficiente visual com o mundo ao seu redor.
– Por entender que a gente precisa buscar meios de possibilitar a acessibilidade e por amar me comunicar com as pessoas, decidi fazer o curso. Além disso, tenho um sobrinho deficiente, e, embora a deficiência dele não seja visual, sei das dificuldades em relação à acessibilidade – disse Elis Sabrina Martins Ferreira, turismóloga, não-deficiente, explicando o que a motivou a fazer o curso.
As aulas foram gratuitas e, embora o público-alvo tenha sido os servidores municipais que atuam em políticas de assistência social, junto às entidades civis que compõem o CMDPD e professores da rede pública, as inscrições foram abertas a toda a população, já que todos têm a colaborar com a inclusão e a valorização da diversidade.
Cidéria Regina Alves foi uma das alunas. Ela perdeu a visão há dois anos, em decorrência da Covid. Também como sequela da doença, Cidéria perdeu a sensibilidade nos pés e nos dedos das mãos, o que tornou seu aprendizado em braille um pouco mais difícil. Mas ela não desistiu.
– Pude aprender um pouco graças aos métodos do professor, que adaptou o trabalho para a minha situação. Vou prosseguir no curso. Nada tira o meu sorriso e a minha vontade de viver – afirma a aluna.
O professor ao qual Cidéria se refere é Jorge Luís da Silva Nunes, deficiente visual e servidor público municipal, que trabalha na Secretaria de Desenvolvimento Social e Promoção da Cidadania, na Sala dos Conselhos.
– O Conselho [CMDPD] entende que a autonomia do indivíduo não existe separada da leitura e da escrita enquanto formas de expressão. Precisamos nos expressar para exercer nossa autonomia. Por isso esse curso é tão importante – explicou.
Com a formatura, encerrou-se a primeira etapa do curso de Escrita e Leitura em Braille, que irá prosseguir no próximo ano. A presidente da Apadev, Edília Carmo, também destacou a importância do curso e ressaltou que a associação possui outros cursos igualmente voltados para a inclusão.
– O braille é uma das portas de comunicação do deficiente visual com o mundo, e nós, da associação, buscamos ajudar a abrir a sociedade para a pessoa com deficiência, tornando essa sociedade mais inclusiva. Hoje em dia a escrita em braille está presente em muitos lugares, em caixas de produtos. Muita gente sem deficiência passa o dedo por cima e nem se dá conta. Cursos como esse, voltados também para não deficientes, capacitam essas pessoas a ajudar os deficientes visuais, pois infelizmente nem todos esses deficientes tiveram a oportunidade de aprender leitura e escrita em braille – explica.
A Apadev possui cursos de informática e violão (voltados para deficientes visuais), libras tátil, libras, dentre outros. Mais informações podem ser obtidas com a presidente da associação, pelo número (24) 99915-3776 (Whatsapp). Outras informações sobre demais cursos disponibilizados pela Prefeitura de Angra também podem ser obtidas com a Escola de Gestão, pelo e-mail egp.pmar@angra.rj.gov.br ou pelo telefone (24) 3365-4651.