“Agricultura familiar: resistência no campo, vida na cidade“. Esse é o tema da segunda Semana do Produtor, que foi aberta nessa quarta-feira, 29, na Câmara Municipal, e está sendo coordenada pela Secretaria de Atividades Econômicas da Prefeitura de Angra. A semana, criada a partir de uma lei municipal de maio de 2014, tem por objetivo debater o desenvolvimento da agricultura familiar de Angra, que segundo o secretário de Atividades Econômicas, José Rafael Ribeiro, ainda é um setor que necessita de investimentos.

- O investimento na área agrícola é um investimento em bacia hidrográfica, em produção de alimento e em qualidade de vida. É exatamente isso que nós queremos mostrar nesta Semana do Produtor - afirmou.

Angra dos Reis é uma cidade que registra números importantes de pessoas que vivem da agricultura de subsistência. São ao todo 6 mil pessoas, num total de 250 famílias que vivem do que produzem na terra. Ao todo, cem produtores rurais têm a Declaração de Aptidão (DAP) do Pronaf, ou seja, são reconhecidos pelo governo federal como agricultores familiares.

O município ainda dispõe de duas organizações com DAP jurídica: a Comisflur e a Associação de Mambucaba. Os organismos, que representam a maior parte das famílias que vivem do campo, estão investindo na industrialização da economia e profissionalizando a produção. Em Mambucaba, por exemplo, está em funcionamento uma fábrica de produção de palmito e uma outra de banana-passa. As entidades ainda estão liderando a comercialização de palmito pupunha em Angra e em Paraty, produzindo bananada e comercializando, com o município e com o estado, o fornecimento para merenda escolar.

- Existe, não tenho dúvida, um processo de melhoria na área rural, que tem que ser acompanhado por mais investimento, tanto que estamos pleiteando a adesão do município de Angra ao Rio Rural, que é um programa de investimento do governo do estado, em parceria com o Banco Mundial, e que está em fase avançada de negociação para que o nosso município seja beneficiado - declarou José Rafael.

A abertura do evento na Câmara Municipal foi coordenada pela vereadora Lia e contou com a presença do vice-prefeito Leandro Silva, que parabenizou os agricultores e destacou a importância do setor para Angra dos Reis. Segundo ele, a agricultura tem se fortalecido no município.

- O fortalecimento da agricultura familiar significa o desenvolvimento da segurança alimentar e a consequente erradicação da fome, por meio de alimentos produzidos com baixo ou até mesmo nenhum nível de agrotóxico, o que é de extrema importância - destacou o vice-prefeito.

Durante a sessão na Câmara, diversos agricultores receberam moções de aplausos, entre eles o cacique João da Silva Wera Mirim, da aldeia indígena Sapukai, do Bracuí. O cacique, que tem 94 anos, falou, de uma forma muito particular, sobre a importância da agricultura de subsistência.

- Na aldeia nós plantamos aipim, batata-doce, melancia, morango e amendoim. Se precisamos da mistura para o arroz e o feijão, matamos um frango e está tudo resolvido. Sempre foi assim, nesses mais de 90 anos de vida - ensinou o cacique.

Da solenidade na Câmara ainda participaram representantes da Emater, UFF/Rural, UFF/Angra, Faetec, Comisflur, Associação de Mambucaba, Sinspmar, Quilombolas, Coordenadoria das Mulheres e Pastoral da Criança.

A segunda Semana do Agricultor vai até sábado, com exposição no Teatro Municipal, debates, feirão e apresentações de Folias de Reis e do cantor Luiz Perequê, no sábado às 11h, na Casa Larangeiras.