Fecomércio lança estudo sobre comércio fluminense

Conceição participou do evento, que incluiu convênios entre comerciantes e PM e palestra do ex-prefeito de Nova Iorque

27 de outubro de 2015
O Sistema Fecomércio lançou na segunda-feira, dia 26, a segunda edição do Mapa Estratégico do Comércio do Rio de Janeiro 2015-2020. A cerimônia foi realizada no Copacabana Palace e reuniu autoridades dos governos do estado do Rio e de vários municípios, além de empresários, parlamentares, representantes sindicais e de demais entidades públicas e privadas. A prefeita Conceição Rabha representou Angra dos Reis. O governador Luiz Fernando Pezão também participou da solenidade, que foi comandada pelo presidente da Fecomércio, Orlando Diniz.

Além do Mapa Estratégico do Comércio, a cerimonia incluiu a assinatura de dois convênios com a Polícia Militar do Rio de Janeiro. Um deles é para reforçar o policiamento no Aterro do Flamengo, Lagoa e Méier. Por meio do outro convênio, a Fecomércio concede cerca de 5 mil bolsas integrais para cônjuges e filhos de policiais militares nos cursos do Senac RJ, nas modalidades de ensino a distância, formação inicial e continuada e nos cursos técnicos. A noite também contou com uma palestra, bastante esperada, com o ex-prefeito de Nova Iorque, Rudolph Giuliani.

Formulado em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, o mapa divide o estado do Rio em oito regiões, cada uma com seus respectivos dados socioeconômicos, e traça um perfil de cada uma delas, no que diz respeito ao setor de comércio de bens, serviços e turismo. O colunista de O Globo, George Vidor, mediou um debate para discutir três temas fundamentais abordados no mapa: educação profissional, ambiente empresarial e segurança. Os debatedores foram o próprio presidente da Fecomércio, Orlando Diniz, os economistas Fábio Giambiagi e Samuel Pessoa, além do jornalista Gilberto Dimenstein.

– Ter uma mão de obra qualificada é o caminho para o sucesso. Nossa busca é pela excelência – destacou Diniz, sobre educação profissional e sobre como o mapa irá auxiliar para a implantação de cursos em áreas produtivas estratégicas de cada região do estado. Giambini ponderou: – Podemos fazer a reforma educacional que for, mas sozinha ela não vai alcançar quem já se formou faz tempo e já está no mercado de trabalho. Nosso desafio é pensar nas formas de retreinamento – disse o economista, destacando que a mão de obra atual apresenta falhas educacionais graves. Segundo ele, 75% dos brasileiros não conseguem tirar uma média simples de três números.

No estudo do Sistema Fecomércio, a região da Costa Verde compreende Angra, Paraty e Mangaratiba. Embora, dentre as oito, a Costa Verde seja a região com a menor população – 264 mil habitantes -, ela tem a quinta maior contribuição para o Produto Interno Bruto do Estado (PIB) Fluminense. O maior setor econômico da Costa Verde é o comércio de bens, serviços e turismo, com uma fatia de 54,5% das atividades econômicas, seguido pela indústria extrativista mineral e de construção, com 23,4%. A Costa Verde se destaca por ter o menor índice de perdas na distribuição de água, com um desperdício de 13,6%, bem abaixo da média do estado, que é de 32,6%; e também por ter a maior participação feminina no setor de comércio de bens, serviços e turismo, com 50% dos vínculos empregatícios.

– Esse material do Sistema Fecomércio traz um levantamento de dados importantíssimo para fazermos um planejamento que direcione nosso desenvolvimento econômico adequadamente, gerando empregos e formação de mão de obra qualificada – disse a prefeita Conceição Rabha, elogiando o trabalho.

SEGURANÇA

A questão da segurança pública foi amplamente discutida e apontada como um dos entraves para o setor comercial e, em consequência, para o desenvolvimento econômico do estado. Além dos dois convênios assinados, o governador Pezão ratificou os esforços de seu governo na valorização da polícia no Rio de Janeiro.

– Multiplicamos em mais de cinco vezes os investimentos em segurança pública, mas sabemos que ainda não é o ideal. Em 2016, contrataremos mais 750 policiais civis e 6 mil policiais militares, por meio de concursos públicos – afirmou.

A atração mais esperada da noite foi o ex-prefeito de Nova Iorque, Rudolph Giuliani. Sua palestra também abordou segurança pública. Em oito anos de gestão, Giuliani reduziu em 65% os índices de criminalidade de Nova York, que, depois de tantos anos com fama de cidade violenta, passou a ser apontada pelo FBI, por cinco anos seguidos, como a metrópole americana mais segura. Rudolph Giuliani era o prefeito da cidade na ocasião do atentado de 11 de setembro e, por conta do ocorrido, enfrentou um período de grande crise e adversidade à frente da gestão pública, tendo que lidar não só com a violência urbana, mas também com o terrorismo e o choque emocional causado pelo atentado.

Giuliani explicou com detalhes o modo como combateu várias situações de violência em sua cidade, como a violência doméstica, o roubo de veículos, os assaltos na Broadway e até a corrupção policial. No metrô nova-iorquino, por exemplo, sua equipe de segurança monitorou firmemente os índices de assaltos, tanto dentro dos vagões quanto nas plataformas. O efetivo policial ficava dividido entre esses dois locais. Na medida em que os índices de roubos aumentavam nos vagões, maior efetivo ela deslocado para eles. O mesmo acontecia com as plataformas, em uma marcação acirrada tendo como base um levantamento constante de dados. O ex-prefeito deu conselhos otimistas aos cariocas:

– Se a Colômbia conseguiu dar uma virada, vocês conseguem também. Os problemas deles eram maiores que os daqui. O Rio é parecido com Nova Iorque em um aspecto: ambas são cidades icônicas, bastante conhecidas, que todos querem visitar. Mas as pessoas pensam na criminalidade, e isso prejudica. Queremos que pensem nas praias maravilhosas e nas belas Olimpíadas que teremos aqui no Rio no ano que vem – disse o palestrante, pouco antes de se despedir, encerrando a noite.