Secretário de Estado lança campanha contra sífilis congênita

Gestantes devem fazer a testagem duas vezes ao longo da gravidez

19 de outubro de 2015
Transmitida de mãe para filho durante a gravidez, a sífilis congênita é uma realidade cada vez mais preocupante nas maternidades da rede pública de saúde. Entre 2010 e 2014, o número de casos da doença no estado duplicou: passou de 1.535 para 3.588 no ano passado. Para alertar a população, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro lançou, na sexta-feira, 16, uma campanha de luta contra a sífilis, com ações e metas junto aos municípios. A ideia é aumentar a identificação da doença e melhorar a qualificação do pré-natal na rede pública de saúde.

Para isso, as gestantes devem fazer a testagem duas vezes ao longo da gravidez, na gestação e antes do parto, e seu parceiro também deve ser tratado para evitar a reinfecção. O evento foi realizado no auditório do Espaço Eletrobras Eletronuclear, no Convento do Carmo, em Angra dos Reis, e contou com a presença do secretário de Estado de Saúde, Felipe Peixoto; da prefeita de Angra dos Reis, Conceição Rabha; do vice-prefeito Leandro Silva e do secretário municipal de Saúde, Rodrigo Oliveira.

Para a campanha, a Secretaria de Estado de Saúde do Rio de Janeiro preparou ações junto aos municípios. Entre elas, está a pactuação do plano de enfrentamento da sífilis congênita com gestores municipais de saúde, incluindo metas e ações a serem realizadas para controle da doença na gestação. Entre os objetivos estão: aumentar a detecção precoce da doença; ampliação de tecnologias para o diagnóstico e tratamento precoce; melhorar o acesso dos parceiros das gestantes às unidades de saúde para realização do teste e a qualificação de profissionais de saúde que atuam na atenção ao pré-natal.

– Caso o resultado seja positivo, é importante que a mulher faça o tratamento adequado e o parceiro também seja avaliado, já que há risco de reinfecção. A sífilis tem tratamento e cura, por isso é importante o diagnóstico precoce – afirmou Felipe Peixoto, secretário de Estado de Saúde.

O exame de sangue para identificar a doença deve ser feito ainda no primeiro trimestre da gravidez, nas Unidades de Atenção Básica, nas redes municipais de saúde e nos serviços que realizam pré-natal pelo SUS. Recomenda-se que o teste seja repetido no terceiro trimestre de gestação e, novamente, antes do parto. Se a mãe estiver infectada, é possível que o bebê nasça com complicações. Importante também que seus parceiros sexuais sejam diagnosticados e tratados, já que há risco de reinfecção.

– O município de Angra dos Reis, dentro do cenário de 92 cidades do estado do Rio, é o de menor incidência nos casos de sífilis congênita. Continuaremos com a intensificação das ações de prevenção e orientação, pois queremos diminuir ainda mais os casos – avaliou o secretário municipal de Saúde, Rodrigo Oliveira.

A sífilis congênita pode causar má-formação do feto, nascimento prematuro, aborto e até a morte do bebê. Na maioria dos casos, a sífilis se manifesta logo após o nascimento, mas a doença pode se manifestar até os dois anos de vida. A criança doente pode apresentar pneumonia, feridas no corpo, cegueira, dentes deformados, surdez, dificuldade de aprendizagem, retardo mental e deformidades ósseas.

Nas mulheres e nos homens, os primeiros sintomas da doença são pequenas feridas nos órgãos sexuais e caroços nas virilhas (ínguas), que surgem entre 7 a 20 dias após a contaminação. Se progredir, a doença pode causar manchas em várias partes do corpo (inclusive mãos e pés) e queda dos cabelos. A doença pode ser transmitida por relação sexual sem preservativo com pessoa infectada, por transfusão de sangue contaminado ou da mãe infectada para o bebê durante a gestação ou o parto.

– Através do diagnóstico precoce e do tratamento adequado, é possível evitar que a criança adquira a doença. Infelizmente a sífilis congênita ainda é uma causa frequente de abortos e má-formação do feto – disse o subsecretário de Vigilância em Saúde, Alexandre Chieppe.