Quilombo de Santa Rita do Bracuí recebe pesquisadores americanos

Estudo histórico resgata memória do tráfico ilegal de africanos escravizados

12 de novembro de 2025

Na segunda-feira, 10 de novembro, o Quilombo de Santa Rita do Bracuí, em parceria com o Instituto AfrOrigens, recebeu representantes do Smithsonian Institution, de Washington DC e pesquisadores da Universidade de Pittsburgh, Pensilvania, EUA. O objetivo foi conhecer os locais de memória do negro em Angra dos Reis e experimentar a culinária tradicional quilombola.

A iniciativa faz parte de um amplo projeto internacional de história e arqueologia subaquática que busca reconstruir capítulos esquecidos da história do tráfico ilegal de africanos escravizados no Brasil.

Segundo a secretária de Cultura e Patrimônio de Angra dos Reis, Marlene Ponciano, o trabalho realizado no Bracuí tem um profundo significado histórico e social.

— Essa pesquisa é um marco na valorização da nossa história e da nossa ancestralidade. Ao apoiar o projeto, a Prefeitura reafirma seu compromisso com a preservação da memória afro-brasileira e com o fortalecimento das comunidades tradicionais, que são guardiãs de um patrimônio vivo e essencial para a identidade de Angra dos Reis – destacou a secretária.

Como desdobramento das pesquisas, na quarta-feira, 12 de novembro, será inaugurada no Museu Histórico Nacional, no Rio de Janeiro, a exposição “Para Além da Escravidão”, onde o navio Camargo será um dos temas centrais.

Já nos dias 13 e 14 de novembro, o seminário “Para Além da Escravidão - Memória, Justiça e Reparação” será realizado no Arquivo Nacional, reunindo especialistas de várias parte do mundo e representantes de comunidades tradicionais.

O sítio arqueológico Bracuí 1 abriga os vestígios da embarcação Camargo, que naufragou em 1852. Trata-se de um dos últimos registros materiais do tráfico ilegal de africanos escravizados no país, um episódio histórico que, durante muito tempo, permaneceu silenciado.

A pesquisa é coordenada por especialistas do Instituto AfrOrigens, da Universidade Federal da Bahia (UFBA), Universidade Federal Fluminense (UFF) e Universidade Federal de Sergipe (UFS), com parcerias internacionais, como o Slave Wrecks Project, do Smithsonian Institution (EUA). A ação conta com o apoio da Secretaria de Cultura e Patrimônio.

A atuação conjunta entre comunidade, pesquisadores e poder público tem permitido resgatar memórias, valorizar o patrimônio quilombola e dar visibilidade a vozes historicamente marginalizadas.