Angra sediou o I Fórum de Ciência e Saúde
Ciclo de palestras com mesa redonda para debates e esclarecimentos de dúvida foram o ponto alto do encontro

A Fundação de Saúde de Angra dos Reis (Fusar) e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) realizaram em parceria o I Fórum de Ciência e Saúde, na quinta-feira, dia 29. O encontro (das 9h às 17h30), um dos maiores da região da Costa Verde, teve como objetivo debater algumas doenças e suas relações com a população mais carente e como as políticas públicas se inserem para a resolução dos problemas. A abertura do fórum, no auditório do Centro de Estudos Ambientais, foi feita pelo prefeito Tuca Jordão, que ressaltou o comprometimento dos profissionais de saúde da cidade. “Pudemos trazer para Angra a UPA e o Samu, por isso agradeço muito o trabalho do presidente da Fusar, Jeferson Portilho, que tem uma participação proveitosa para o município”, afirmou o prefeito. Ele ainda acrescentou dizendo que “por isso melhorou muito nossa saúde. Jeferson é um técnico”. Tuca Jordão também informou que o governo estadual já escolheu a organização social (O.S.) que irá administrar o Hospital da Japuíba.
Em seguida o presidente da Fusar anunciou que até o final do ano entrará em funcionamento um centro de estudos na Santa Casa. “Será uma unidade de capacitação para nossos profissionais, a fim de que o atendimento à população angrense continue melhorando”, afirmou. Ele também ressaltou o convênio feito com a Fiocruz: “Espero que a Fundação Oswaldo Cruz continue essa parceria com a Fusar e Angra dos Reis”, disse Jeferson. A fase inicial do Fórum de Ciência e Saúde prosseguiu com o Dr. Flávio Rocha da Silva, do Instituto Oswaldo Cruz, que fez um breve histórico da parceria entre a Fiocruz e a Fusar. Ele encerrou o discurso enfatizando uma maior aproximação entre pesquisa e o serviço público prestado à população nas unidades de saúde. “Acredito que os profissionais que atuam na #39;ponta#39; devem ter mais acesso às informações e aos resultados dos estudos feitos nas instituições de pesquisa”, afirmou.
A primeira palestra, “Doenças negligenciadas: expressão da pobreza e da desigualdade”, foi realizada pela Dra. Marli Navarro, da Escola Nacional de Saúde Pública. Ela relacionou essas doenças com a manutenção do subdesenvolvimento nos países do Terceiro Mundo. “Investimentos públicos em saneamento básico e na saúde é que poderão resolver o problema”, afirmou. No caso do Brasil, ela destacou que a questão das doenças negligenciadas é um problema estrutural e recorrente ao longo do processo histórico. A Dra. Marli Navarro apresentou dados de uma expedição científica do Instituto Oswaldo Cruz (IOC) do início do século XX, no interior de Goiás. “A preocupação pontual com estudos e a proposição de soluções já era presente no IOC”, disse. Segundo a palestrante, não há interesse da indústria farmacêutica transformar em produtos os resultados de inúmeras pesquisas relacionadas às doenças negligenciadas. “O motivo é simples: os pacientes integram as camadas mais humildes da população brasileira”, afirmou.
Na parte da tarde, a palestra da Dra. Ângela Ostritz (Fiocruz Mata Atlântica), “Estratégias de controle das DST e Aids na atenção básica”, apresentou a realidade social do interior do Pará, onde as condições sanitárias são precárias. O objetivo dela foi, ao longo da apresentação, questionar os participantes quanto à necessidade de adaptar os protocolos de atendimento e as diretrizes do Ministério da Saúde às condições locais das cidades. “Para se trabalhar bem com as DSTs é preciso conversar e conhecer bem as pessoas, identificar quais são os seus valores. Nem sempre os protocolos e a simples oferta e distribuição de medicamentos, como manda o SUS, é o recomendável”, disse a Dra. Ângela.
Ao final de cada ciclo de palestras (manhã e tarde) foi composta uma mesa de debates e esclarecimento de dúvidas. No encerramento do I Fórum de Ciência e Saúde de Angra dos Reis, pouco depois das 17h, cada participante recebeu um certificado e a todos foi oferecido um coquetel na recepção do Centro de Estudos Ambientais. O Fórum foi uma realização da Fundação Oswaldo Cruz, Instituto Oswaldo Cruz, Prefeitura de Angra dos Reis e Fundação de Saúde de Angra dos Reis.