Grupo Artêros se apresenta nesta sexta

Após voltar de sua estreia internacional, grupo sobe ao palco do Centro Cultural nesta sexta e apresenta “A cabaça da existência”

22 de agosto de 2016
O grupo Artêros, que fez sua estreia internacional no último final de semana, em Montevidéu, capital do Uruguai, acaba de desembarcar em Angra. O elenco apresentou no sábado, 20, o espetáculo “A cabaça da existência”, na Sala Walter Medina, Casa Inju. A programação era do II Festival Escenas Breves, e o grupo foi o único participante brasileiro do encontro. Os Artêros se apresentam em Angra nesta sexta-feira, 26, às 20h, com o mesmo espetáculo, no Centro Cultural Theophilo Massad. A entrada custa R$ 10 (meia) e R$ 20 (inteira).

– Estamos radiantes. A apresentação aqui no Uruguai foi uma das mais plenas. Apresentamos em português, e o público entendeu. Ao final da apresentação, tivemos quatro minutos de palmas. Não tenho palavras para descrever a sensação – ressaltou o diretor do grupo, Ramon Souza.

O Festival de Escenas Breves é uma iniciativa do Governo Uruguaio, por meio do Instituto de La Juventud, órgão máximo de representação dos jovens daquele país, vinculado ao Ministério del Desarrollo Social (Ministério do Desenvolvimento Social). Foi a primeira vez que um grupo de teatro angrense se apresentou no Uruguai.

– Além de poder apresentar nosso trabalho e mostrar que uma cidade do interior pode apresentar teatro de qualidade, tivemos uma rica experiência de intercâmbio. Essa troca foi mais do que importante para seguirmos nossa caminhada – salientou a atriz Letícia Mendes.

Os atores que ficaram hospedados na Casa do Instituto Nacional da Juventude do Uruguai puderam, além de conhecer a cidade, saber mais sobre a história daquele território. Visitaram espaços culturais e fizeram contatos para parcerias futuras, como o caso do encontro do grupo com a ativista do movimento negro uruguaio, Amanda Dias. Filha de Amanda Rorra, um dos pilares da resistência do movimento negro naquele país, e fundadora da Asociación de Cultura Social Uruguay Negro (Acsun), ela já planeja expor os tambores e outros instrumentos artesanais do músico do grupo, Marcelo Rastaah, no Centro Cultural.

– Foi um encontro sensacional. Conversamos sobre a resistência do movimento negro e, mais importante ainda, foi conhecer mais sobre o Candombé, que é uma manifestação uruguaia muito parecida com o nosso jongo – detalhou Rastaah.

Para a atriz Vitória Mendes, o ponto alto da estreia foi a receptividade do público uruguaio.

– Estava muito apreensiva com a barreira do idioma. Apesar de sermos oriundos da mesma matriz, há diferenças enormes no entendimento do espanhol para o português e vice-versa. Mas o teatro é algo tão mágico que supera qualquer barreira. O entendimento e a troca com o público foi uma magia e puro encantamento. Sai renovada com essa apresentação – disse a atriz.

NOVO ELENCO

Uma novidade na apresentação do grupo em Montevidéu foi a mudança no elenco. O ator pernambucano que cresceu em Angra, Alexandre Francisco, assumiu o papel de Exú e Orumilá, antes interpretado pelo ator Júnio Bastos, que agora estuda Artes Cênicas no Rio de Janeiro.

Bacharelando em artes cênicas com habilitação em direção teatral pela UFRJ, Alexandre, que começou seus passos no teatro em Angra, atua desde 2010 na cena teatral de Angra e do Rio de Janeiro.

Em 2014, atuou na peça “Nunca nade sozinho”, de Daniel McIvor, dirigida por Luana Martau, e trabalhou como assistente de direção de Marcelo Morato em dois espetáculos de formação na Faculdade CAL de Artes Cênicas – “Útero” e “Uma morte anunciada”. De 2013 a 2014, como bolsista da Capes, realizou a pesquisa “Introdução ao Teatro: a montagem de um curso”, sob orientação da professora e doutora Eleonora Fabião.

Atualmente faz parte do elenco de atores-mediadores no Museu da Vida, da Fundação Oswaldo Cruz, no projeto Ciência em Cena, e integra o elenco de “A jornada de Kim”, espetáculo infantil de animação contemplado pelo programa de fomento Viva Cultura.

AGENDA
Próximas apresentações:
- 24/08 – Três Rios – Festival Violeta da Prata
- 26/08 – Angra dos Reis – Teatro Municipal
- 07/09 – Salto/SP – Festival Taperá
- 16/09 – Queimados/RJ

SINOPSE DE A CABAÇÃO DA EXISTÊNCIA
Quatro atores em cena se revezam numa encruzilhada. Olorún (senhor supremo do universo) resolveu acabar com ócio reinante no Orún (céu) e decidiu criar um mundo habitado por seres em tudo semelhantes a ele.

Para o empreendimento, convocou todos os orixás e, sob o comando de Obatalá, seu primogênito, ordenou que partissem para criar Ayê (terra). As cenas são permeadas de danças, e as narrativas apresentam de forma lúdica a história dos orixás.

SOBRE O GRUPO ARTÊROS:
Com dois anos na estrada, o Grupo Artêros carrega na história de cada componente envolvido o amor e a entrega pelo teatro, relações e experiências que começaram muito antes do grupo existir. Após viajar para duas cidades de São Paulo - Salto e Osasco, em 2014 e 2015 - os Artêros viram a importância de levar o nome de Angra para outros lugares através do teatro. Em Salto, o grupo participou do Festival Carpe Diem, de renome e reconhecimento no meio artístico, onde recebeu cinco prêmios das dez indicações no Festival de Salto, pelo segundo espetáculo do grupo, “RIP”. Já em Osasco, abriu, com “A cabaça da existência”, um dos maiores festivais de teatro do Estado de São Paulo, o Festival de Artes e Poesias de Osasco (Fenapo).

Em 2015, o grupo se apresentou em Belo Horizonte/MG, na sede do Grupo Galpão, um dos maiores e melhores grupos de teatro do Brasil, reconhecido internacionalmente, promovendo um rico intercâmbio para a cultura angrense, reforçando os valores da formação artística dos atores.

Em janeiro, durante a apresentação na capital carioca, ganhou da Secretaria Estadual de Cultura o cerificado Territórios Culturais, que enaltece o trabalho realizado pelo grupo através de “A cabaça da existência” no território cultural da Costa Verde.

Em junho, após o grande sucesso da apresentação da Festa Internacional de Teatro de Angra (Fita), maior festival de teatro do Brasil, sendo a primeira peça a ter seus ingressos esgotados, a apresentação rendeu aos Artêros o Prêmio Ítalo Rossi, como destaque especial do Júri Técnico, pelo conjunto da produção de “A cabaça da existência”.

No mesmo mês, o grupo recebeu da Assembleia Legislativa do Estado do Rio (Alerj), o diploma Heloneida Studart de Cultura, honraria concedida aos grupos que atuam no desenvolvimento da Cultura no Estado do Rio de Janeiro.

Em julho, participou do Festival Cenáculo, em Duque de Caxias, ganhando o prêmio de melhor luz e sendo indicado ao prêmio de melhor sonoplastia.

Com essas viagens e trocas, o Artêros cresce e reafirma a potência e a qualidade do teatro angrense nos palcos por onde passa. Em Angra, atua em parceria com a Secretaria de Educação e a Fundação de Cultura. Em 2015, ganhou o edital Micro Projeto Favela Criativa, do governo do estado, para circular com “A cabaça da existência” nas escolas da rede municipal. Além das instituições municipais, possui importante parceria com as unidades federais do Cefet e UFF, com frequentes apresentações e oficinas nas duas instituições.