Experiência de Angra vence 5ª Mostra Estadual de Práticas de Saúde

Trabalho premiado pela Fiocruz e pelo Cosems destaca planos de contingência, capacitação de equipes de saúde, monitoramento de doenças após eventos climáticos e realização de simulados

01 de maio de 2025

A experiência da Secretaria de Saúde de Angra dos Reis na preparação, manejo e recuperação de desastres ficou em primeiro lugar na 5ª Mostra Estadual de Práticas de Saúde, realizada pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pelo Conselho Estadual de Secretários Municipais de Saúde (Cosems-RJ).

Na segunda posição, ficou Volta Redonda, com um trabalho sobre melhorias no diagnóstico de câncer; e na terceira, Itaperuna, com a experiência de garantia de acesso aos cuidado integral.

Ao todo, 45 cidades do Rio de Janeiro participaram desta edição da Mostra. Dos 181 trabalhos inscritos, 24 foram selecionados e apresentados em evento na sede da Fiocruz, na capital, nesta terça-feira (29).

Os três primeiros colocados receberam o Prêmio Suely Osório, que homenageia a apoiadora do Cosems-RJ, falecida em 2024, por sua trajetória profissional dedicada à defesa do SUS.

Cada Secretaria Municipal de Saúde será acompanhada durante um ano pela equipe da plataforma IdeiaSUS/Fiocruz e terá suas experiências documentadas em vídeo e livro.

Romário Aquino, diretor municipal de Vigilância em Saúde, explica que desde 2013 Angra desenvolve ações concretas, como a construção de planos de contingência complementares, capacitação contínua das equipes de saúde, monitoramento de doenças após eventos climáticos e realização de exercícios simulados de saúde.

- Essas medidas fortalecem a resposta local às emergências e representam práticas eficazes, passíveis de adoção por outros municípios no fortalecimento do SUS - comenta Romário, autor principal do trabalho apresentado na Mostra, juntamente com as coautoras Teresa Leite, Jessica Furtado e Camila Lima.

 

A experiência de Angra

 

O município de Angra dos Reis tem enfrentado, ao longo dos anos, episódios de desastres naturais de grande magnitude, como as chuvas de janeiro de 2010, que deixaram 50 mortos; de abril de 2022 (11 óbitos e o maior volume já registrado: 655 mm no continente e 592 mm na Ilha Grande); e de dezembro de 2023 (2 mortos).

Em todos esses episódios, além das vidas perdidas, houve transbordamento de rios, alagamentos, destruição de parte da infraestrutura urbana e centenas de pessoas desabrigadas.

Desde 2013, a Secretaria de Saúde de Angra tem promovido treinamentos, cursos e simulados para seus trabalhadores, o que contribuiu para tornar a resposta do município mais eficiente.

No caso mais recente, no temporal do início de abril de 2025, mesmo com 357 mm de volume acumulado, não houve mortos. De maneira preventiva, a Prefeitura suspendeu as aulas na rede pública, ativou mais de 30 pontos de apoio para a população em áreas vulneráveis e transformou duas escolas em abrigos temporários e uma em centro de cadastramento e distribuição de donativos para desabrigados.

 

Metodologia

 

O trabalho apresentado na 5ª Mostra Estadual de Práticas de Saúde destaca que a gestão de risco de desastres é essencial para integrar ações de prevenção, mitigação, preparação, resposta e reabilitação, exigindo uma abordagem abrangente e capaz de minimizar os impactos na saúde pública, além de fortalecer a resiliência das comunidades afetadas.

Na fase de vigilância e preparação, os planos de contingência municipais são modificados e revisados. Também são realizados simulados de desastres com base no mapeamento de risco da cidade e treinamentos para gestores e trabalhadores do SUS (mais de 1,3 mil já foram capacitados).

Cada simulado conta aproximadamente 40 ações práticas, incluindo montagem de abrigos, surtos de diarreia e COVID-19, acidente com múltiplas vítimas, escassez de leitos hospitalares, interrupção do tráfego na rodovia que corta a cidade e necessidade de apoio da Secretaria Estadual de Saúde e do Ministério da Saúde, entre outras.

Na fase de resposta, são remanejadas ações e serviços para garantir assistência integral aos mais afetados pelo desastre, incluindo uma equipe multidisciplinar de saúde disponível 24 horas nos abrigos montados.

Na fase de recuperação, é realizada pesquisa com as famílias afetadas um ano após o desastre, para mensurar os prejuízos à saúde e identificar lacunas que precisam ser aperfeiçoadas.