O servidor público municipal de Angra dos Reis, André Luís Pimenta, que há 10 anos integra a Defesa Civil da cidade, participou, no final de maio, da IV sessão da Plataforma Regional para redução de riscos de desastres das Américas, realizada na cidade de Guayaquil, no Equador. Pelo menos 32 países participaram do evento e André Luís integrou a delegação brasileira durante a oficina das Nações Unidas (ONU) para a redução de risco de desastres (UNISDR). Além do Brasil, países como Estados Unidos, Chile, México, Colômbia, Peru e Argentina também enviaram representantes.

Durante os debates entre os cerca de 680 participantes do encontro, foram considerados e debatidos diversos cenários de perigos e ameaças, inclusive a ação de vulcões, terremotos e furacões, além de situações mais familiares aos brasileiros como deslizamentos, inundações e enxurradas. Além das delegações dos países latinoamericanos, Espanha e Japão enviaram seus técnicos ao encontro, por meio da cooperação Sul-Sul e com a Agência Internacional de Cooperação japonesa, que está desenvolvendo projetos dessa natureza no Rio de Janeiro e São Paulo. O encontro no Equadro foi presidido pela representante especial do secretário-geral da ONU para redução de risco de desastres, Margareta Wahlstrom, tendo reunido ainda a ministra da secretaria de Gestão de Risco do Equador, Maria de Pilar Cornejo, além de ministros de Estado, prefeitos e secretários de Governo do Equador e de outras nacionalidades.

Além dos fóruns e da troca de experiências, o encontro debateu ainda a participação das crianças, jovens e adolescentes no esforço e fortalecimento das políticas de redução de risco de desastres, além da integração dos países com vistas ao cumprimento dos investimentos públicos no Marco de Ação de Hyogo (MAH 2015), processos de recuperação e reconstrução, efeitos de mudanças climáticas e a agenda de desenvolvimento de mecanismos de prevenção e resiliência, além do aperfeiçoamento de politicas públicas para gestão de risco de desastres. O encontro no Equador gerou um documento para ser levado aos debates globais previstos sobre o tema em 2015, por meio do #39;Comunicado de Guayaquil#39;.

Para o servidor André Luís, sua participação no encontro permitiu apreender mais conhecimento sobre estrutura, logística, boas práticas e também as dificuldades das Defesas Civis pela América, além de estreitar contatos com organismos governamentais, instituições e agências internacionais de incentivo à redução de risco de desastres, inclusive no âmbito das Nações Unidas. Durante sua estada no Equador, o servidor da Defesa Civil de Angra também visitou o ECU 911, centro nacional de referência do país em emergências, nos mesmos padrões de atendimento do 911 norteamericano. Ele acabou testemunhando a ação dos profissionais envolvidos num grave acidente com turistas, vitimando três sul-africanos e deixando sete feridos, destacando-se neste atendimento, a integração dos setores públicos e o uso de tecnologias de pronta resposta. Outro setor visitado pelo agente foi a secretaria nacional de Gestão de Risco do Equador. O país é conhecido pelas fortes enxurradas e possui ainda vulcões ativos em seu território, com erupções frequentes e muitos danos materiais.

- Fui sempre bem recebido e tive todos os esclarecimentos. A integração entre os diversos setores de Defesa Civil ainda é uma fraqueza no Brasil, onde, muitas vezes ações desarticuladas e descoordenadas, geram mais gasto público e reduzem a eficiência e eficácia das ações de prevenção e redução de riscos - acredita André Luís.

No último dia do evento o próprio André Luís ministrou uma palestra, em espanhol, com o tema #39;Territorialidade da vulnerabilidade, política de resiliência e problemas urbanos de assentamentos precários e ocupações irregulares#39;, tema já abordado em artigo da revista brasileira Emergência em abril deste ano e que expõe a importância do processo de construção de cidades resilientes, com enfoque nos desafios e causas das ocupações irregulares e assentamentos precários, ou seja, o ordenamento urbano e o a necessidade de um desenvolvimento integrado e sustentável das cidades, gerando diretamente Cidades mais Seguras.

- Todos temos um papel importantíssimo na construção da cidade mais segura e resiliente: o cidadão, o Poder Público, o setor privado e a sociedade organizada. As ameaças e perigos existem, as mudanças climáticas têm sido bruscas, impactantes e por vezes imprevisíveis. Os problemas ocorrem nas cidades e é deste ponto que devem nascer as soluções e ações que se multiplicarão para o mundo. Agora na Biblioteca Municipal de Angra dos Reis estão disponíveis livros e encadernados sobre gestão de risco a desastres na nova seção Defesa e Proteção Civil, interessem-se pelo tema, estudem e ajudem a construir uma Angra dos Reis mais segura, conheça para reduzir os riscos - resume André.

O que são os encontros das Plataformas e o Marco de Ação de Hyogo:

As Plataformas de Redução de Risco de Desastres são realizadas nos continentes e geram comunicados para a Plataforma Global marcada para 14 a 17 de março de 2015 em Sendai, no Japão, celebrando os 10 anos do Marco de Hyogo, assinado para reduzir o risco de desastres no mundo.

O marco de Ação de Hyogo (2005-2015) é o documento gerado na Conferência Mundial sobre Redução dos Desastres Naturais em Kobe e Hyogo, no Japão de 18 a 22 de janeiro de 2005 onde foram definidas as cinco prioridades e os objetivos estratégicos da prevenção a desastres:

1. Garantir que a redução de risco de desastres constitua uma prioridade nacional e local dotada de uma sólida base institucional de aplicação;
2. Identificar, avaliar, monitorar os riscos de desastres e potencializar os alertas prévios;
3. Utilizar os conhecimentos, as inovações e a educação para criar uma cultura de segurança e de resiliência a todo nível;
4. Reduzir os fatores fundamentais de risco;
5. Fortalecer a preparação para desastres a fim de assegurar uma resposta eficaz a todo nível.

Para mais informações:
http://www.eird.org/pr14/index.html