Seminário de Educação Especial atrai grande público

Professores debatem práticas inclusivas nas escolas de educação regular

09 de outubro de 2014
A Prefeitura de Angra, por meio da Secretaria de Educação, Ciência e Tecnologia, realizou nesta terça-feira, 7, no Colégio Naval, o XII Seminário de Educação Especial, para um público de aproximadamente 500 pessoas. Com o tema “Inclusão, responsabilidade de todos“, profissionais de educação e demais envolvidos com a temática dialogaram sobre a promoção da inclusão de pessoas com deficiência na escola e na sociedade. Além disso, o público ainda assistiu aos relatos de profissionais da rede que divulgaram experiências vividas em unidades que trabalham com a educação inclusiva.

- Há alguns anos que não acontecia um seminário de Educação Especial. Estamos muito felizes por promover este momento, mostrando que a inclusão diz respeito a todos que participam da escola e que estão na convivência diária com esse público. É importante dizer que a educação especial não envolve somente a deficiência. Temos um público de altas habilidades e superdotação que também necessita de um atendimento especializado, que também está incluído na Educação Especial - disse Luciana Telles, gerente de Educação Especial

Mais de 500 alunos que possuem múltiplas deficiências, deficiência intelectual ou outras síndromes estão inseridos em mais de 40 unidades regulares, das 73 que o município possui. Angra conta ainda com três unidades de Educação Especial: a Escola Municipal de Educação de Surdos (Emes), a Escola Municipal para Deficientes Visuais (EMDV/CAP) e a Unidade de Trabalho Diferenciado (UTD), que atende alunos com altas habilidades/superdotação, autistas e deficientes intelectuais.

A professora Michelle Pires Pimenta, que leciona para alunos do primeiro segmento e é deficiente visual desde os 11 anos, emocionou-se ao relatar sua experiência em uma sala de aula de ensino regular. Professora concursada, Michelle atuou desde 2005 na Escola Municipal de Deficientes Visuais e está na Escola Municipal Frei Bernardo, no Parque Mambucaba, desde março deste ano.

- Cheguei na Frei Bernardo muito ansiosa, porque eu não sabia o que me esperava. Foi uma adaptação meio conturbada, porque eu dependia de uma pessoa para me auxiliar. Tenho muito a agradecer a toda a direção e profissionais da escola e, principalmente, aos meus alunos, que são maravilhosos e têm muito respeito por mim - emociona-se.

O público apreciou ainda uma ampla programação, com apresentações culturais das escolas municipais para Deficientes Visuais (EMDV/CAP) e de Educação de Surdos, além das palestras “A importância de um olhar sensível na percepção da deficiência e da estimulação precoce: contribuições da saúde“, com a médica Daniela Koeller Vieira, do Departamento de Genética da Fusar, e “Rompendo barreiras“, com o psicólogo Sérgio Henrique Teixeira, que explicou como ter um ambiente escolar adequado, rompendo as barreiras para que crianças com deficiências possam estar dentro da escola.

- Embora haja obstáculos, é necessário tentar identificá-los e descobrir uma forma de pensar a acessibilidade. Temos que pensar que educação é um direito de todos e por isso todos devem estar dentro da escola. As barreiras que podemos encontrar são as barreiras arquitetônicas, como a falta de rampas ou banheiros adaptados; as barreiras da comunicação, quando não se é possível trabalhar com o Braille ou com Libras; ou a barreira das atitudes, que vai desde o preconceito até a resistência que os profissionais têm de achar que precisam ser especialista para lidar com pessoas. O que eu costumo focar muito é que não estamos lidando com deficientes, mas sim com pessoas - aponta Sérgio.