Quando recebeu o diagnóstico do câncer de mama, em 2019, Launia Jaqueline da Silva, de 54 anos, já conhecia os efeitos que tumores podem causar. Ela acompanhava de perto os tratamentos do pai e da sogra, que vieram a falecer quase na mesma época. Sem tempo para viver o luto, ela deu início à luta pela própria vida e passou a sair de casa, na Monsuaba, em Angra, para Volta Redonda, onde começou a passar pelas sessões de quimioterapia, atravessando inclusive o período da pandemia.
– Não poupo elogios ao atendimento que recebi, mas os deslocamentos eram cansativos e estressantes. A cada 21 dias, ter que passar por isso, com o corpo cansado e debilitado, você fica ainda esgotado, física e emocionalmente. Há dias que o emocional não dá estrutura para levantar da cama, quanto mais pegar duas horas de uma estrada sinuosa. Às vezes, o tempo estava ruim, em outras, o tempo ruim era em mim, porque eu não estava bem. A ida para lá era mais um peso – relembra ela.
Com a inauguração do Centro Oncológico Christiane Jordão, em 29 de setembro de 2020, Launia, que já havia passado então por uma cirurgia para a retirada de parte da mama e por sessões de radioterapia, passou a ser atendida da unidade.
– Acabei a radioterapia e em janeiro de 2021 comecei a fazer a hormonioterapia no centro, por um tempo estimado de 10 anos – tratamento que busca inibir o crescimento do câncer pela retirada do hormônio da circulação. No primeiro mês, fazia exames de 30 em 30 dias, com todos sendo feitos aqui, como exame de sangue, raio-x, tomografia e intravaginal, o que é muito bom. Fiquei surpresa, porque precisei fazer uma videohisteroscopia, e fui atendida aqui, pela rede – explica ela, que é servidora pública.
Em janeiro de 2023, completa dois anos de hormonioterapia, tendo outros oito pela frente. Seguirá tomando medicação diária, que é fornecida pelo município gratuitamente, com a retirada do remédio no próprio centro. O acompanhamento, que começou mensal, hoje é semestral e, a partir do ano que vem, será anual. Vitória de Launia.
Lições de vida e confiança
Morador da Prainha de Mambucaba, o técnico de elétrica aposentado Lucides Regatto, de 71 anos, é um dos pacientes que já puderam fazer a quimioterapia em Angra, no Centro Oncológico Christiane Jordão. No dia em que foi entrevistado, passava pela última sessão do tratamento que visa à destruição das células doentes de um tumor na mama.
– Para mim, é mais uma fase vencida. E vou falar uma coisa para você, viu? Eu não esperava ser tão bem tratado aqui. Quando me informaram que eu viria para cá, até me apavorei, porque eu tenho plano de saúde, embora ele não envolva tanta coisa. O tratamento foi vip. Todos eles estão de parabéns, desde a recepção, com as meninas que já adotam a gente como se fosse da família. Acredito que o tratamento foi bem melhor do que se fosse no particular – diz Lucides, agradecendo aos votos de saúde e sucesso com um sorriso.
Fazendo quimioterapia no mesmo dia, mas diferente de Lucides, que terminava um ciclo de seis meses, a aposentada Jandira Almeida Lira, de 68 anos, estava em sua sessão inicial. Ex-professora, ela parece contar com o otimismo dos tempos de sala de aula como companhia dos primeiros passos a caminho da cura.
– Ter sido bem acolhida faz com que eu me sinta segura e confiante. Fui bem recebida desde o primeiro dia. Há mais ou menos dois meses, comecei a fazer consultas. O acolhimento é muito bom, e tudo é elaborado para que o paciente se sinta confortável, com organização, carinho e atenção. A cada passo, eles nos passam as informações certas, mostrando que vamos atravessar todo o tratamento com sucesso – relata Jandira, que termina a conversa falando do privilégio de receber o tratamento na própria cidade, diferente de como funcionava tempos atrás.